quarta-feira, 28 de julho de 2010

Netanyahu confessa em vídeo secreto ter destruído o acordo de Oslo | Portal Arabesq

Um vídeo revelado pelo canal 10 israelense causou arrepios de Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, que deve estar rezando para não se espalhar pelo mundo.

Seu conteúdo ameaça constranger seriamente não só Netanyahu, mas também a administração de Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos.

O vídeo foi filmado, aparentemente, sem o conhecimento de Netanyahu, nove anos atrás, quando o governo de Ariel Sharon começou a invadir as principais cidades da Cisjordânia para esmagar a resistência palestina nos estágios iniciais da segunda Intifada.

Na época Netanyahu havia se afastado um pouco da política, mas logo se juntou ao governo de Sharon como ministro das Finanças.

Em uma visita a uma casa no assentamento judaico de Ofra, na Cisjordânia para prestar condolências à família de um israelense morto em confrontos com palestinos, ele faz uma série de revelações sobre seu primeiro período como primeiro-ministro de Israel de 1996 a 1999.

Sentado em um sofá na casa, ele pede para desligar a câmera antes de dizer à família que enganou o presidente dos Estados Unidos da época, Bill Clinton, fazendo-o acreditar que desejava ajudar a implementar o acordo de Oslo - um acordo apoiado pelos Estados Unidos para a paz entre Israel e os palestinos – usando de pequenas retiradas da Cisjordânia, enquanto, na verdade, ele consolidava a irreversibilidade da ocupação. No vídeo Netanyahu se gaba de destruir o acordo de Oslo dessa forma.

Ele ainda afirma que “os Estados Unidos podem ser manipulados facilmente para a direção certa (para Israel)” e chama de “absurdos” os altos níveis de apoio popular norte-americano para com Israel.

Netanyahu também sugere que, longe de ser defensiva, a dura repressão militar israelense da revolta palestina foi projetada principalmente para esmagar a Autoridade Palestina liderada por Yasser Arafat, para que pudesse ser mais flexível e aceitar as exigências israelenses.

Todas essas alegações tem paralelos óbvios com a situação atual, com Netanyahu novamente como primeiro-ministro de Israel, enfrentando a Casa Branca e se opondo à sua política de reativar o processo de paz e limitar a expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados.

Como no passado, ele tem aparentemente feito concessões públicas à administração dos Estados Unidos concordando em princípio com a criação de um Estado palestino, autorizando a realização de conversações indiretas com a liderança palestina em Ramallah, e declarando um congelamento temporário na construção de assentamentos.

Mas, os mesmo tempo, ele pediu ao poderoso lobby pró-Israel para exercer pressão sobre a Casa Branca, que parece ter cedido suas exigências mais importantes, e manteve na prática a expansão dos assentamentos, a desapropriação e expulsão dos palestinos, o bloqueio a gaza, e não permite a criação do Estado Palestino.

A visão desdenhosa de Netanyahu sobre Washington demonstrada pelas suas próprias palavras no filme, e as confissões orgulhosas de ter destruído o acordo de paz confirmam as suspeitas de muitos observadores - incluindo os líderes palestinos - que acusam Netanyahu de má fé quanto à busca pela paz no Oriente Médio.

Escrevendo no jornal israelense Ha'aretz liberal, o colunista Gideon Levy chamou o vídeo de "escandaloso" e prova que Netanyahu foi um artista "que acredita ter Washington no bolso e pode enganá-la quando desejar". Ele acrescentou que o primeiro-ministro não mudou ao longo dos anos.

No filme, Benjamin Netanyahu diz que Israel deve provocar "sopros (ataques sobre os palestinos), tão dolorosos, que o preço seria muito pesado para ser suportado ... Um amplo ataque à Autoridade Palestina, para aterrorizá-la e fazê-la acreditar que tudo está em colapso”.

Quando perguntado se os Estados Unidos podem se opor a isso, ele responde: "A América é algo que pode ser facilmente manipulado. Mudado para a direção certa ... Eles não vão ficar no nosso caminho ... Oitenta por cento dos norte-americanos nos apóiam. É um absurdo".

Ele então conta como lidou com o presidente Clinton, a quem ele se refere como “extremamente pró-palestino.. Eu não tinha medo de entrar em conflito com Clinton”.

Netanyahu teria usado um conselho de seu avô para fracassar as demandas da Casa Branca pela retirada do território palestino sob o acordo de Oslo. Diz ele: “Como meu avô diria, é melhor dar 2% do que 100%”.

Ele assinou o acordo de 1997 para retirar o Exército israelense de grande parte de Hebron, a última cidade palestina sob ocupação direta, como forma de evitar maiores concessões de territórios palestinos.

"O truque", diz ele, "não é continuar lá (no território ocupado) e falir, o truque é estar lá e pagar um preço mínimo."

O "truque" que paralisou a retirada israelense foi ditar que só Israel pode definir as “zonas militares de segurança” nos territórios palestinos ocupados sob o acordo de Oslo. Netanyahu exigiu por escrito tal poder, com isso podia manter a ocupação de forma justificada pelo acordo.
"Eles não queriam me dar esta carta, então não dei a eles o acordo da retirada de Hebron. Parei a reunião do governo, e disse: 'Eu não vou assinar. Apenas quando a carta chegar eu assino o acordo de Hebron’. Por que isso importa? Porque naquele momento eu realmente parei o acordo de Oslo" confessou Netanyahu.

fonte: http://www.arabesq.com.br/Principal/Pol%C3%ADtica/PoliticsArticle/tabid/79/ArticleID/2059/Default.aspx

domingo, 25 de julho de 2010

As raízes do excepcionalismo de Israel

28/6/2010, Mohamed El-Moctar El-Shinqiti
 
Um professor norte-americano disse-me, certa vez, que “muitos, no mundo islâmico, pensam que os EUA não crêem em direitos humanos. Estão errados. Os EUA crêem em direitos humanos, sim. O problema é o que os EUA entendem por ‘humano’.”

Em outras palavras, a definição de “humano” nos EUA não é a mesma que opera no resto do mundo. Essa não é característica exclusiva dos norte-americanos; cada cultura enfrenta de um determinado modo o desafio de ampliar os próprios limites culturais e universalizar suas normas morais.

Mas dentre todas as culturas e ideologias humanas, o caso israelense é único, campeão absoluto de dois pesos e duas medidas. Criminalidade travestida de nobreza moral e agressão travestida de vitimismo são dois traços sempre presentes na realidade e no discurso dos israelenses.

A personalidade de Israel

A dualidade da “ênfase insistente que Israel dá ao próprio isolamento e à ambição de ser única, sem similar no mundo; a insistência em mostrar-se ao mesmo tempo como vítima e heroína”, como Tony Judt escreveu no Haaretz há alguns anos, reflete a fragilidade e a auto-referência, o autismo autocentrado na personalidade de Israel. Não é traço, infelizmente, exclusivo da elite política israelense, mas espalha-se pelos sionistas de todo o mundo que apóiam Israel, os mesmos que, como o escritor Elie Wiesel e o filósofo Bernard-Henri Lévy, criaram para eles mesmos imagens humanísticas e estéticas.

Sou dos que se emocionaram profundamente ao ver a descrição das atrocidades cometidas durante o Holocausto e que se lêem no livro Night de Elie Wiesel. Lá se vê a experiência do autor e de seu pai de processo terrível que viola a vida e degrada a dignidade humana.

Mas incomodou-me muito o tom de autoelogio e autojustificação que se lê em Dawn, obra de ficção do mesmo Wiesel, quando escreve: “O mandamento ‘Não matarás’ foi entregue no pico de uma das montanhas aqui na Palestina, e fomos os únicos a respeitá-lo. Mas, apesar disso, nos dias, semanas, meses que virão, vocês só terão uma meta a alcançar: matar todos os que nos converteram em matadores.”

Quando o juiz sul-africano Richard Goldstone expôs os crimes que os israelenses cometeram em Gaza, Wiesel disse que teria havido “crime contra o povo judeu”. Aí está: é uso imoral de atrocidades passadas, pra inventar justificativa moral para brutalidades atuais e opressão atual.

Além do mais, podem-se propor duas perguntas. Primeira, que direito exclusivo Wiesel reivindica para si, ele que nasceu de pai romeno e mãe húngara e que de nenhum modo estaria racial ou historicamente representado no Monte Sinai, no momento da entrega dos Mandamentos, em pleno coração de um deserto no Oriente Médio? Segunda, por que regra moral ou legal os palestinos de hoje seriam responsáveis por erros de alemães de ontem?

Mitos interessados, de autojustificação

O pior dessa linguagem de hipocrisia, contudo, apareceu no artigo assinado por Bernard-Henri Lévy sobre a agressão israelense contra a Flotilha da Paz em Gaza, publicado no Haaretz dia 8/6/2010.

Lévy apresenta-se em termos autoglorificantes, como “alguém que se orgulha de ter ajudado a conceber, com outros, esse tipo de ação simbólica (um barco para o Vietnã; a marcha pela sobrevivência do Cambodia, em 1979)...”.

No que tenha a ver com o suplício de Gaza, contudo, Lévy descarta a tragédia e simplesmente nega que haja o bloqueio israelense de Gaza e os ataques a alvos sitiados, e refere-se a “o governo fascislâmico de Ismail Haniya” e “a gangue islâmica que tomou o poder pela força há três anos.”.

Assim, sem se envergonhar, faz sumir o grande esforço de um grupo multiétnico, multinacional e de várias religiões, de líderes humanistas e pacifistas que se reuniram na Flotilha da Paz.

Não bastasse, não há qualquer objetividade na crítica e o autor nada diz das gangues fascisionistas – para recolher a terminologia dele – que agressivamente invadiram terra palestina há 60 anos, arrancaram de lá a população autóctone e a cercaram em novos Auschwitz e Buchenwald – os campos de concentração de Gaza e da Cisjordânia.

De fato, para quem ponha seus desejos autocentrados e egoístas acima dos princípios da justiça e da compaixão, os seus próprios mitos interesseiros, de autojustificação, são muito melhores, aos olhos deles mesmos, que a feia verdade que aí está.

Intelectuais judeus humanistas, como o professor Tony Judt e o músico Gilad Atzmon deploram a autoindulgência e a falta de maturidade dos israelenses. Judt escreve: “Israel ainda se comporta como adolescente: consumida na autoconfiança delirante de que seria única, certa de que é única no mundo; certa de que ninguém ‘a compreende’ e de que o mundo está ‘contra ela’; plena de autoestima ferida, rápida no ofender-se e rápida no ofender o próximo (...), certa de que pode fazer o que bem entenda, que suas ações não geram consequências e de que é imortal.”

Atzmon escreve: “Lidamos aqui com nação seriamente perturbada, imatura. Lidamos com uma criança narcisicamente autoapaixonada (...). Por mais que os israelenses se amem e amem uma infância ilusional fantasmática, quanto mais firmemente acreditarem na própria inocência, mais temerão que o mundo exterior seja tão sádico quanto os próprios israelenses provaram ser. A esse tipo de comportamento chama-se ‘projeção’. Os judeus têm boas razões para viverem apavorados. Seu Estado nacional é entidade genocida.”

‘Holocaustianidade’

O que mais desaponta, contudo, não é nem o narcisismo nem a empáfia dos sionistas. O que mais desaponta é a aceitação e o apoio que recebem do Ocidente, para sua atitude –que se compreende melhor se a situamos no contexto histórico.

O principal substrato teórico para a aceitação, na cultura ocidental, do excepcionalismo de Israel é uma variante – sobretudo no ramo protestante da cristandade –, da encarnação do Deus cristão na pessoa de Jesus, para uma nova encarnação de Deus, dessa vez nos judeus como povo, o “povo escolhido”.

Essa tendência começou com Martim Lutero (1483-1546) que reduziu a cristandade, teologicamente e moralmente, ao fator judeu, na pequena epístola “De Jesus Cristo nascido Judeu”. Lutero escreveu, nessa epístola: “Quando nos sentirmos inclinados a nos orgulhar de nossa posição, relembremos que somos gentios, e só os judeus são da linhagem de Cristo. Somos estranhos, não somos parentes de sangue. Os judeus são parentes de sangue, primos e irmãos de nosso Senhor.”

Através desse Lutero – o qual, paradoxalmente, foi aplicado antisemita – inadvertidamente se abriu uma janela teológica, a qual, séculos mais tarde, permitiria que o ‘culto de Israel’, como observou Grace Halsell, escritora norte-americana, substituísse a cristandade em quase todos os ramos da religião protestante, sobretudo entre os Batistas norte-americanos. Afinal, o que fazem hoje não passa de implementação literal da deificação, operada por Lutero, dos judeus.

A professora Yvonne Haddad do Centro para o Entendimento entre Muçulmanos e Cristãos da Georgetown University chama essa heresia de “holocaustianidade”. Nessa nova heresia estão as raízes do excepcionalismo israelense.

Trivializar o Holocausto

O professor Judt escreve que “O que Israel perdeu pela ocupação continuada de terras árabes é ganho, por outro lado, mediante a íntima identificação com a memória recuperada de judeus europeus mortos.” Mas o autor sabe muito bem que a memória dos mortos é a pior justificação moral que há, se se matam inocentes: “Aos olhos do mundo que observa, o fato de que o bisavô de um soldado judeu tenha morrido em Treblinka não obriga ninguém a perdoar o soldado bisneto, se abusa de uma mulher palestina que espera para atravessar um posto de controle de Israel. Não basta dizer ‘Lembrem Auschwitz’. Essa não é resposta aceitável.”

Pois essa é, precisamente, o tipo de justificação moral que Israel oferece ao mundo, hoje.

Quando um conselheiro de Shimon Peres, presidente de Israel, tentou atacar a resposta de Helen Thomas, que dissera que os israelenses deveriam “ir embora, voltem [para] a Polônia, a Alemanha!”, a única coisa que achou para dizer foi lembrar a ela que seus parentes haviam sido mortos na Polônia e na Alemanha há mais de meio século, como se essa fosse razão suficiente para explicar que os palestinos sejam postos a morrer de fome, ou para matar ativistas humanistas pacifistas em águas internacionais, hoje. Afinal, o conselheiro do presidente de Israel apenas confirmou o que Helen Thomas havia dito: “Vocês são europeus, não são daqui.”

Assim, a memória do Holocausto, a memória de uma tragédia humana gigantesca, sem limites, está sendo trivializada pela criminalidade dos israelenses.

Peso moral

Analistas políticos e políticos já perceberam que Israel vai-se convertendo em peso e ameaça estratégicos para os EUA. De fato, sempre foi um peso estratégico. Mas o problema é muito mais profundo que isso. Israel está-se tornando também peso moral que já ninguém com consciência ética suporta carregar, inclusive judeus, claro, para os quais a dignidade humana e a justiça social sejam valores a defender.

Muitos que dedicaram a vida a promover a causa sionista começam a ver hoje o paradoxo moral que se oculta no projeto sionista. Henry Siegman, escritor alemão-norte-americano que trabalhou como diretor executivo do Congresso Americano-judeu de 1978 a 1994, escreveu no jornal Haaretz de 11/6/2010: “Um milhão e meio de civis foram forçados a viver numa prisão a céu aberto, em condições desumanas, já faz mais de três anos. Diferente do que aconteceu nos anos de Hitler, hoje não são judeus. Hoje são palestinos. Os carcereiros, inacreditavelmente, são sobreviventes do Holocausto ou descendentes deles.”

Todos os seres humanos decentes têm, hoje, de defender os palestinos oprimidos, contra o opressor israelense. Os árabes oprimidos da Palestina (muçulmanos e cristãos) prestam, com seu sofrimento, grande serviço a toda a humanidade: obrigam a ver a ideologia israelense de supremacia, a mais autocentrada ideologia que há no planeta – uma ideologia israelense de violência e terror, exibida ao mundo em manto banhado em sangue.



Mohamed El-Moctar El-Shinqiti é pesquisador-coordenador da Qatar Foundation, especialista em história política e história das religiões.

http://english.aljazeera.net/focus/2010/06/20106146372913751.html

domingo, 18 de julho de 2010

COMUNIDADE ÁRABE HOMENAGEIA O PRESIDENTE LULA

No dia 25 de março último, tive a honra de participar do jantar em homenagem ao Presidente Lula, no dia Nacional da Comunidade Árabe do Brasil. Foi um evento histórico tanto pela representação política presente como pelo sucesso da visita do Presidente, semana passada, à Palestina.


Estive representando a FEPAL- Federação Árabe Palestina do Brasil, a pedido do Presidente Alayyan, que por motivos de força maior, não pode comparecer. E como Diretor da FEARAB-SP – Federação de Entidades Árabes do Estado de São Paulo, integrei a delegação da entidade presente ao jantar, encabeçada pelo Presidente Eduardo Elias.

O evento foi organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e contou com a presença de 1000 convidados, entre eles, delegações internacionais da FEARAB-AMÉRICA vindas do Chile, Argentina, Cuba, Uruguai, etc.

Dentre as autoridades que compuseram a mesa estavam:Presidente Lula, Governador Serra, Prefeito Kassab, Ministra Dilma Rousseff e mais 5 Ministros (de origem árabe), Presidente da Câmara Deputado Michel Temer, Senador Tuma, Senador Suplicy, vários Deputados Federais, Estaduais e vereadores. Alem dos 13 embaixadores árabes credenciados no Brasil, o Presidente da FIESP Skaf e várias outras autoridades.

Tive o prazer de conhecer o embaixador da Líbia no Brasil, Dr. Salem Ezubed, que comentou sobre o Primeiro Festival Cultural Brasil-Libia. O Festival está sendo organizado pela Embaixada do Brasil na Líbia,Embaixador George Ney, com apoio da Construtora Queiróz Galvão (empresa para a qual trabalho na Líbia). O evento ocorrerá no fim de abril e inicio de maio próximos, nas cidades de Trípoli e Benghazi.

O Brasil começa a despontar com mais força como interlocutor nos assuntos internacionais e no discurso de Lula (texto anexo) fica evidente esse envolvimento na questão do Oriente Médio, em especial a questão palestina. Outro fato determinante é a diversificação das parcerias do Brasil no comércio exterior, em especial a crescente balança comercial Brasil-paises árabes nos últimos 8 anos.

O discurso de Lula foi o mais histórico e importante já realizado sobre o Oriente Médio e a questão palestina (ele improvisou, pois o discurso que estava pronto ele descartou em publico). Lula criticou duramente Israel por ter construído o muro da vergonha de 750 km e apresentou a solução do conflito como sendo um problema de todas as nações civilizadas membros da ONU, não sendo, portanto, um assunto bilateral, mas multilateral, pois foi a ONU que criou o problema e a tragédia do povo palestino.

Cabe ressaltar que o jantar transcorreu durante o Festival Sul Americano da Cultura Árabe (18 a 31 de março) com ampla divulgação na mídia, e que tem como Coordenador o Prof.Dr. Paulo Farah que estará conosco na Líbia durante o Festival Cultural. Paulo Farah é Diretor Presidente do Espaço Bibliaspa.


Emir Mourad


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Links relacionados com a matéria:

- Discurso do Presidente Lula durante a homenagem da comunidade árabe

'Nós nos sentimos árabes', diz Lula

- Centro de Cultura e Pesquisa Árabe-Sul-Americano: Espaço BIBLIASPA.

- Ministro da Cultura inaugura o Espaço BIBLIASPA

- Discurso do Ministro da Cultura na inauguração do espaço BIBLIASPA

LULA E O ORIENTE MÉDIO – ENFIM, EXISTE NO MUNDO “ALGO” CHAMADO BRASIL

Laerte Braga
20/3/2010


O que a grossa e esmagadora maioria dos jornalistas da grande mídia não enxergou nas críticas que fez, ou até nas ironias à viagem do presidente Lula a países do Oriente Médio, é que Lula não foi fazer mágica, solucionar um conflito milenar, tampouco assumir responsabilidades pela paz naquela região do mundo.

Foi deixar claro, sobretudo ao governo de Israel, que existe um país chamado Brasil, com cerca de oito milhões de quilômetros quadrados, o maior país da América Latina, que emerge como potência política e econômica na configuração da chamada nova ordem econômica mundial e entende que o povo palestino está sendo lesado em seus direitos legítimos de um Estado (reconhecido pela ONU). Por tabela, mostrar a esse mesmo estado de Israel e aos EUA, que o Irã, como qualquer país do mundo, tem direito a buscar seu desenvolvimento na forma determinada pelo seu povo.

O presidente do Irã foi eleito e reeleito pelo voto direto dos iranianos, ao contrário dos aliados árabes dos norte-americanos no Egito, na Arábia Saudita, na Jordânia, ditaduras sustentadas por Washington.

A intolerância no Irã parte dos vencidos. Só vale a democracia quando vencem.

Ao não colocar flores no túmulo do fundador do sionismo, doutrina nazi/fascista (muitos colaboraram com o regime de Hitler contra o próprio povo judeu) procedeu como o fizeram o presidente da França e outros, que não reconhecem em Israel o poder de determinar como deve ser o Oriente Médio. Ou suas políticas terroristas e expansionistas. A violência e a barbárie do sionismo montado nas armas nucleares que não querem que o Irã tenha. Mas têm.

Ao deixar a região Lula deixou também registrado, que ali está presente um país de oito milhões de quilômetros quadrados, com quase 200 milhões de habitantes, que, na avaliação dos próprios “donos do mundo” em quatro anos estará ultrapassando economias mais poderosas e em vinte anos, mantidos os rumos do atual governo, ampliadas as conquistas populares, será uma das quatro grandes potências do mundo.

Isso desagrada profundamente à grande mídia brasileira. É venal, é instrumento de ação de governos e empresas estrangeiros, com cumplicidade de nossas elites econômicas, notadamente os EUA.

O embaixador Sérgio Amaral, ex-ministro de FHC, foi a um programa de televisão para com sua linguagem untuosa, servil, dizer que o Brasil está muito aquém de poder participar de processos políticos mais intrincados de negociações, quaisquer que sejam elas, que o presidente estava apenas procurando palco. Refletiu sua característica submissa, medíocre de pau mandado.

Sérgio Amaral é um dos implicados no primeiro escândalo do governo FHC, o da concorrência para o SIVAM (SISTEMA DE VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO DA AMAZÔNIA). A concorrência fora vencida por uma empresa francesa e subornados pelo governo e empresa dos EUA, FHC, Sérgio Amaral e o embaixador Júlio César Gomes, o projeto foi parar em mãos da concorrente americana. É o Brasil que essa gente concebe, o BRAZIL, o deles e dos EUA.

Existem gravações das conversas para a marmelada e o ato de submissão. FHC foi chantageado pelos que gravaram. Nomeou para a chefia da Polícia Federal, num acordo, nem a grande mídia conseguiu esconder quando dos fatos, o irmão do autor das gravações. Mas comprou jornais, redes de tevê e revistas com uma verba extra, para ficar no silêncio, até porque, já havia entrado nessas organizações o dinheiro dos EUA.

O mesmo procedimento crítico teve o governador José Collor Arruda Serra, aproveitando-se da discussão dos royalties do petróleo. Como tem o controle da mídia (“o PT é um partido sem mídia e o PSDB é uma mídia com partido”), deu apoio ao governador do Rio Sérgio Cabral, sabendo que a maioria dos seus deputados, os deputados federais paulistas do seu partido, não votaria, como não votou, no projeto que publicamente ele defende. De catorze deputados federais tucanos, apenas quatro votaram como Serra disse que pensa, os outros dez votaram contra o que Serra pensa. O controle é dele, se tivesse determinado os deputados votariam como ele gostaria, ou diz gostar.

Mentiroso, cínico, só de olho nas eleições. Fala uma coisa e faz outra. Não tem caráter e nem tem dignidade ou compostura. É venal e as investigações do caso Arruda mostram as ligações de Arruda Serra e o caixa dois de sua campanha com o ex-governador de Brasília, por isso a frase “vote num careca e leve dois”.

Para essa gente não importa que o Brasil seja um país livre e soberano, senhor do seu destino e segundo a vontade de seu povo. Não querem isso, são subordinados aos EUA.

À época dos fatos até a FOLHA DE SÃO PAULO, em matéria assinada por Roberto Candelori, fala da inauguração do SIVAM, conta rapidamente a história da corrupção (pode ser vista na íntegra no blog de Paulo Henrique Amorim) e ao final escreve textualmente assim – “Documentos oficiais levantados pela Folha confirmam que, para os EUA, o Sivam significou uma vitória geopolítica. Suspeita-se de que, por ser um instrumento útil ao seu programa de combate ao tráfico, o sistema venha a tornar-se extensão do Plano Colômbia. Nesse caso, a "lei do abate", que permite a derrubada de aeronaves, sugere, no mínimo, cautela”.

E essa a característica dos críticos da diplomacia brasileira.

Outro funcionário norte-americano nos quadros da diplomacia brasileira, o embaixador Júlio Cesar Gomes, segundo a mesma FOLHA DE SÃO PAULO, à época do governo FHC, produziu o seguinte fato.

“O embaixador do Brasil na Itália, Paulo Tarso Flecha de Lima, foi informado na noite da quinta-feira de que será substituído. O mais cotado para assumir seu lugar é o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, diplomata de carreira. O presidente Fernando Henrique Cardoso planeja, ainda, transferir Júlio César Gomes para o consulado de Nova York. Embaixador na FAO, organismo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, com sede em Roma, Júlio César Gomes foi assessor de FH até a divulgação de grampos telefônicos em que ele se mostrava atuante nos bastidores da concorrência do projeto Sivam. A temporada de trocas nos postos mais cobiçados no Exterior terá seqüência com a definição do embaixador na Inglaterra, em substituição a Sérgio Amaral, convocado para assumir o ministério do Desenvolvimento”.

A presença de Lula no Oriente Médio cria um fato político de suma importância para todo o processo de paz naquela parte do mundo, desloca o eixo das negociações trazendo-o de volta as Nações Unidas e assim contraria interesses norte-americanos no petróleo, no controle da região, levando-se em conta que, quando derrotados na ONU os norte-americanos agem unilateralmente, como fez Bush no Iraque, desprezando solenemente a opinião de outros governos.

Esse concerto de nações, como se costuma dizer, só vale quando diz amém, ou aleluia. Se não disser tem sempre um Sérgio Amaral subalterno e a serviço de potência estrangeira, para ir a um veiculo de comunicação – GLOBO – controlado por grupos estrangeiros e a serviço deles, dizer besteiras e vender mentiras.

O “boicote” do chanceler Von Ribentrop de Israel à presença de Lula no parlamento daquele país foi exatamente o temor da presença do Brasil, do peso do Brasil e das conseqüências que o fato gera.

A imprensa norte-americana tem dito que se o Irã fabricar artefatos nucleares a aviação de Israel ou a própria aviação dos EUA, vão lá e bombardeiam as instalações e usinas nucleares daquele país.

E quem vai explodir as de Israel e dos EUA?

É preciso remontar ao acordo de paz assinado entre Yasser Arafat e o primeiro ministro de Israel Itzak Rabin, mediado por Bil Clinton. Rabin foi assassinado por um fundamentalista judeu no dia da comemoração da paz. A paz foi por água abaixo.

Ali surge a figura do carrasco de Auschiwtz Ariel Sharon, extrema-direita, dando início a escalada da violência e da barbárie sionista contra palestinos em função dos “negócios”.

A paz não interessa aos sionistas. O próprio povo judeu ao aplaudir Lula, segundo os jornais de Israel “ovacioná-lo”, mostra o que todo mundo sabe. Quer a paz. Quem não quer são os “donos do poder”. O IV Reich. Tem sede em Tel Aviv, em Washington e em New York (Wall Street). A bandeira dessa gente traz ao meio a suástica e as torres de petróleo.

O que Lula fez foi azedar o leite do terrorismo sionista. A propósito, nem Obama agüenta mais o governo de Israel, é o que dizem jornais norte-americanos. Exagerou na estupidez e na boçalidade.

Quando da visita do presidente do Irã ao Brasil, uma ou duas semanas antes e sem ser convidado, veio aqui o presidente de Israel, Shimon Peres. Desceu em São Paulo, reuniu-se com o esquema FIESP/DASLU (controlado por sionistas) e foi visitar José Collor Arruda Serra. Só depois de conferenciar com os funcionários de potência estrangeira e empresas estrangeiras é que foi a Brasília visitar o ministro Celso Amorim e o presidente Lula. Ou seja depois de deixar as ordens aos subalternos.

E convidou Lula a visitar Israel.

Ao contrário do que disse o meloso e asqueroso embaixador Sérgio Amaral.

O ponto culminante da diplomacia desses caras foi quando o ministro das relações exteriores do Brasil, no governo FHC, Celso Láfer, retirou os sapatos, para ser revistado, no aeroporto de New York, obedecendo a ordens de agentes da imigração dos EUA, mesmo depois de ter se identificado.

É essa a diferença. O Brasil não era nada àquela época e agora é. Isso diminui o lucro desses caras, correm o risco de ficar “desempregados”. Apostam tudo na eleição de Serra para voltar a ser como dantes. De quatro e descalços.

Fonte: http://quemtemmedodolula.blogspot.com/2010/03/lula-e-o-oriente-medio-enfim-existe-no_7650.html

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