sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ONU lança campanha no Brasil por refugiados palestinos


campanha de arrecadação de fungos para os refugiados palestinos

Campanha terá evento de lançamento em São Paulo, na segunda-feira (30), na Câmara Árabe. Objetivo é levantar R$ 1,1 milhão para compra de equipamentos médicos e atender cinco milhões de pessoas.


Aurea Santos
aurea.santos@anba.com.br




Médica da UNRWA atende refugiado palestno no Líbano
Médica atende em centro médico da UNRWA no Líbano
UNRWA Archives/de la Cruz
 São Paulo – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) lança, na segunda-feira (30), em São Paulo, uma campanha de arrecadação de fundos para a compra de equipamentos médicos para atender a cinco milhões de palestinos que vivem como refugiados. O evento de lançamento da campanha acontece na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, das 15h às 16h30, com a presença do comissário geral da UNRWA, Filippo Grandi, e é aberto ao público.

Atualmente, existem cinco milhões de palestinos vivendo em campos de refugiados dentro de seu próprio território, na Faixa de Gaza e Cisjordânia, e também no Líbano, Jordânia e Síria. “Há muitos problemas de saúde com os refugiados”, destaca Riad Younes, coordenador de Oncologia Cirúrgica do Hospital São José e vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe.

“Serão comprados aparelhos de ultrassom e controle da diabetes. O dinheiro também servirá para a formação de um sistema que interligue os centros de saúde dos diferentes acampamentos. Os refugiados mudam de um país para o outro, e o sistema servirá para que o prontuário médico não se perca, para que se saibam quais doenças o refugiado tem e ele continue recebendo cuidados”, explica o médico.

Segundo Younes, são necessários R$ 1,1 milhão para a compra destes equipamentos. “É o mínimo necessário para atender aos cinco milhões de refugiados”, ressalta. A campanha terá vigência de dois meses e as contribuições poderão ser depositadas em uma conta bancária das Nações Unidas aberta especificamente para receber as doações aos palestinos. Quem quiser ajudar, pode depositar sua contribuição no Citibank, banco 745, agência 008, conta corrente 96910550.

No final da campanha, haverá um evento de encerramento, no qual todos os recursos arrecadados serão entregues à UNRWA. Posteriormente, relata Younes, será feita uma prestação de contas sobre a aplicação do dinheiro doado.

Ajuda brasileira

A campanha pela arrecadação de fundos para auxílio médico dos refugiados palestinos não está sendo feita no Brasil por acaso. Desde o inicio dos anos 2000, Younes vem desenvolvendo um trabalho de levar a medicina brasileira aos países do Oriente Médio. Foi durante uma destas viagens que se levantou a ideia de fazer uma campanha com os brasileiros para arrecadar fundos para os refugiados da Palestina.

“Eu tive várias reuniões com a Unrwa. A Câmara Árabe têm várias ações que tentam ajudar na área da saúde. Estas ações contam também com o apoio do governo e de hospitais do Brasil”, explica o médico.

Além do lançamento da campanha em São Paulo, Grandi tem outros compromissos em sua agenda no Brasil, que incluem encontros em Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Nos dias 01 e 02 de outubro, em Brasília, o comissário-geral deve se encontrar com diversas autoridades, incluindo o vice-presidente do País, Michel Temer; o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores para África e Oriente Médio, Paulo Cordeiro; a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário; e senadores e deputados federais, membros das comissões de relações exteriores da Câmara de Deputados e do Senado.

Na quarta-feira (03), em Porto Alegre, Grandi se encontrará com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e visitará um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outras atividades.

No dia 04, Grandi estará no Rio de Janeiro, onde irá ministrar uma palestra sobre o conflito na Síria e o impacto na situação dos refugiados da Palestina na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Às 11h30, o comissário-geral receberá jornalistas em coletiva de imprensa no Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), para fazer um resumo de sua viagem.

Serviço
Lançamento da campanha de arrecadação de fundos em favor da UNRWA
Com a presença de Filippo Grandi, comissário-geral da agência
Dia 30 de setembro, das 15 às 16h30
Local: Câmara de Comércio Árabe Brasileira
Avenida Paulista, 326, 11º andar – São Paulo
Estacionamento conveniado e gratuito na rua Teixeira da Silva, 204


Fonte: http://www.anba.com.br/noticia/21840054/diplomacia/onu-lanca-campanha-no-brasil-por-refugiados-palestinos/

domingo, 22 de setembro de 2013

Uma breve história da guerra dos EUA contra a Síria: 2006-2014


 “O Congresso dos EUA desobedeceu ao AIPAC e ao lobby israelense. Foi a primeira vez que isso aconteceu, em 22 anos.”



“A Síria reconquistou a própria independência. O mais provável é que, em 2014, Bashar al-Assad seja reeleito presidente da República Árabe Síria. A história síria o recordará para sempre, como governante civilizado e herói do seu povo.”


“O povo dos EUA, pela primeira vez em décadas, conseguiu fazer parar uma guerra que o presidente desejava. Essa é vitória imensa e um precedente. Que todos os norte-americanos lembrem bem desses dias, quando aparecer outra guerra inventada, ou esse ou aquele país pequeno ou distante levantar-se. Os norte-americanos, nós, temos os meios para fazer parar qualquer guerra.”



Missão de Solidariedade ao Povo Sírio


Em 2006 os EUA estavam em guerra no Iraque. Muitas das forças inimigas contra as quais os EUA lutavam furiosamente chegavam ao Iraque através da Síria. No mesmo ano o Hizbullah derrotou Israel, que invadira o Líbano. As forças armadas de Israel eram emboscadas cada vez que tentavam penetrar no Líbano, enquanto o Hizbullah usava foguetes contra as posições do exército israelense e nas cidades. O Hizbullah recebia apoio e suporte da Síria e do Irã, que chegavam através da Síria. Os planos de longo prazo dos EUA e Irã, para manter a supremacia no Oriente Médio dependiam de interromper as vias de abastecimento para o  Hizbullah.

Os países sunitas sectários do Golpe, viram seus sunitas serem derrotados no Iraque, e um governo xiita, apoiado pelo Irã assumir no Iraque. Todos esses países tinham motivos para tentar atacar a Síria. E também havia razões econômicas, que tornavam necessário derrubar uma Síria independente. Um gasoduto, do Qatar à Turquia, competia com outro, do Irã à Síria. Grandes reservas de gás natural descobertas nas águas de Israel e Líbano, faziam aumentar muito a possibilidade de que também houvesse gás em águas nacionais sírias.

No final de 2006, os EUA começaram a financiar uma oposição externa ao partido Baath, que governava a Síria.[1] Aqueles opositores eram na maioria exilados da Fraternidade Muçulmana expulsos da Síria depois que fracassaram várias tentativas de golpe de Estado, entre 1976 e 1982. Em 2007, EUA, Israel e Arábia Saudita construíram um plano para “mudança de regime” na Síria. O objetivo do plano era destruir a aliança da “resistência” entre o Hizbullah, Síria e Irã:

“Para minar o Irã, predominantemente xiita, o governo Bush decidiu, de fato, reconfigurar suas prioridades no Oriente Médio. No Líbano, o governo cooperara com o governo da Arábia Saudita, que é sunita, em operações clandestinas que visam a minar o Hezbollah, organização de xiitas apoiada pelo Irã. Os EUA também tomaram parte em operações clandestinas contra o Irã e seu aliado, a Síria. Resultado colateral dessas atividades foi provocar a radicalização de grupos sunitas extremistas, que têm uma visão militante do Islã e são hostis aos EUA e simpáticos à Al-Qaeda.”
[2]

Em 2011, três anos de seca, provocada pelo aquecimento global e pela Turquia, que construiu barragens e gigantescos projetos de irrigação na região, haviam enfraquecido a economia síria. Grandes populações, das áreas rurais mais pobres, perderam seus meios de sobrevivência e acorreram às cidades. Esses fatores criaram o terreno fértil a partir do qual lançar um golpe contra o estado sírio.

A parte que coube aos EUA naquele plano foi garantir cobertura “midiática” e o necessário “clima de opinião”, na opinião pública global, para viabilizar o golpe. Para isso, os EUA usaram as ferramentas que conhecem bem, de criar “revoluções coloridas”. “Jornalistas cidadãos” foram recrutados, treinados e armados com o necessário equipamento de vídeo e comunicações bem conhecidos da “mídia comercial” de propaganda, em todo o mundo. Outros foram treinados para organizar “manifestações civis pacíficas”. Os sauditas encarregaram-se da parte mais tenebrosa do plano: financiaram e armaram grupos rebeldes, muitos deles associados à exilada Fraternidade Muçulmana, com a tarefa de instigar movimento mais amplo e atacar forças do estado sírio, além de atacarem também manifestantes civis pacíficos.

Uma manifestação local em Deraa, perto da fronteira da Jordânia, foi usada para iniciar o golpe. Manifestações começaram pacíficas, mas logo começaram os ataques à bala contra manifestantes e contra a polícia. Inevitavelmente, os dois lados escalaram. Grupos armados pelos sauditas passaram a atirar consistentemente contra soldados do estado sírio. Com colegas mortos e feridos, as forças do exército sírio retaliaram contra os manifestantes. Grupos de manifestantes armaram-se, eles também, para enfrentar o exército sírio.
Os “cidadãos jornalistas” entraram em cena, com propaganda de que só haveria vítimas entre os “manifestantes pacíficos” e jamais noticiaram o número de vítimas entre os soldados sírios. As agências “ocidentais” de noticiário integraram-se ao esquema. Ativaram-se células já organizadas em outras cidades da Síria. Mais uma vez, a expressão “manifestantes pacíficos” foi apresentada como cobertura para “uma terceira força”, como disse a comissão de investigação da Liga Árabe, que lutava contra as forças do governo sírio e também instigava os manifestantes a armarem-se.

O governo dos EUA ajudou com sua própria campanha de propaganda; por exemplo, quando mentiu[3] sobre ataques da artilharia síria contra manifestantes – que não haviam acontecido.

Organizações para-governamentais norte-americanas, como  Avaaz, Anistia Internacional e Human Rights Watch, uniram-se à campanha contra o governo sírio. E a ciberguerra, movida contra agências noticiosas sírias, suprimiu completamente o outro lado da história. Até hoje, a Agência Sírio-Árabe de Notícias [orig. Syrian Arab News Agencysana.sy] continua expurgada dos resultados [TALVEZ SÓ NOS EUA. No Brasil, encontra-se o que se vê em
http://syrianfreepress.wordpress.com/tag/syrian-arab-news-agency/, às 19h04, 14/9/2013] se se procura em Google [TALVEZ SÓ NOS EUA. No Brasil, encontramos facilmente o que se vê em http://sana.sy/index_eng.html, às 19h03, 14/9/2013 (NTs)].

Rapidamente se tornou visível que a estratégia concebida para criar uma “revolução colorida” não funcionara.

O estado sírio mostrou-se capaz de resistir do que parecia. O presidente sírio Bashar al-Assad era mais respeitado e querido pelos sírios do que os instigadores do golpe haviam suposto. E o presidente atendeu rapidamente várias das demandas dos manifestantes autênticos. A Constituição síria for reformada, criaram-se novos partidos, houve eleições e as forças de segurança mais violentas e abusivas foram contidas, postas sob controle estrito. As grandes cidades, mesmo aquelas nas quais a maioria era de sunitas, não apoiaram nem se uniram à violência crescente dos milicianos sectários. As deserções do exército sírio e de quadros políticos foram poucas e sem importância. Durante algum tempo, até a economia conseguiu resultados bastante satisfatórios.

Os inimigos da Síria tiveram de aumentar o ‘envolvimento’. Arábia Saudita e Qatar usaram todas as suas capacidades para recrutar jihadis de outros países dispostos a lutar na Síria. A CIA, alimentada com dinheiro saudita, enviou para lá toneladas de armas e munição, recolhida de seus arsenais pelo mundo. Grupos terroristas foram criados, com treinamento e inteligência de combate. E criou-se um grupo de exilados, para começar a ser apresentado ao mundo como futuro governo possível para a Síria.

O governo sírio foi forçado a recolher-se, para preservar seus soldados. Grandes porções da Síria rural foram tomadas pelos grupos terroristas. A população dessas áreas fugiu pelas fronteiras ou para as cidades maiores. Nas áreas urbanas onde os terroristas se acastelaram, tornou-se difícil desalojá-los sem causar vasto dano aos prédios e à infraestrutura. Mas o governo sírio, dessa vez, já sabia o que fazer. Com a ajuda de aliados, unidades armadas do Irã, unidades armadas do Hizbullah foram retreinadas para guerra contra grupos terroristas insurgentes. E criaram-se unidades paramilitares locais, para reocupar as áreas das quais o exército já desalojara os terroristas. A Rússia cuidou de manter o suprimento de artigos necessários à sobrevivência dos civis e armamento para as forças do exército sírio.

Do lado dos instigadores do golpe as coisas começaram a dar errado. Os Jihadis providenciados pela Arábia Saudita mostraram combatentes eficientes, mas fanáticos religiosos, e não encontraram espaço no contexto social da Síria – de governo laico e sociedade multirreligiosa liberal inclusiva. Começaram os confrontos com a população, e com combatentes locais pró-Assad. Ainda hoje chegaram notícias de luta violenta no nordeste da Síria, entre terroristas jihadistas e bandidos locais.[4]

Questões sobre suprimentos de armas a serem recebidas da Líbia, entre os EUA e grupos da Al-Qaeda, mataram o embaixador dos EUA em Benghazi.

Apesar de ter sido ‘reformatado’ pelo menos três vezes, o planejado grupo para um governo no exílio mostrou-se inefetivo, dadas as disputas internas entre os vários grupos entre si e entre seus patrocinadores. A campanha de imprensa sobre “manifestantes pacíficos” começou a fazer água, à medida que mais e mais imagens e histórias emergiam, mostrando massacres cometidos pelos grupos golpistas, contra soldados sírios. A população nos países que inicialmente apoiara o que supunha ser um levante democrático mudou de opinião, e passou a opor-se a qualquer envolvimento naquele conflito.

Quando se tornou mais evidente que os golpistas não conseguiriam derrotar o exército sírio, o presidente Barack Obama dos EUA apareceu com sua “linha vermelha” sobre o uso de armas químicas. Foi como um convite aos golpistas, para que usassem armas químicas no cenário da guerra, para em seguida culpar o governo sírio. Assim se criaria a necessidade, dado o que dissera o presidente, de os EUA intervirem militarmente, ao lado dos jihadistas terroristas. Tentaram fazer isso algumas vezes, mas Obama não deu sinal de disposição para usar a força. Para tentar impedir que, no caso de os terroristas conseguirem tomar o governo sírio, eles assumissem o poder, os EUA alteraram o plano: agora, haveria terroristas “moderados”, treinados pelos EUA, que assumiriam o controle dos combates, sobretudo em torno da capital Damasco.

Em meados de agosto de 2013, um grupo de 300 combatentes treinados pela CIA entraram na Síria pela Jordânia.[5] (Hoje, o governo Obama está tentando alterar essa data.[6])

A tarefa deles era ir até Damasco e assumir, eles mesmos, a luta contra o governo sírio. Foram impedidos. Pararam, sem conseguir avançar mais, a caminho de um subúrbio de Damasco. Sem o apoio aéreo dos EUA, como havia acontecido na Líbia, o uso de forças especiais treinadas pelos EUA revelou-se inútil. Foi ativado então o plano “linha vermelha”.

Dia 21 de agosto, algum produto químico venenoso foi liberado no ar em alguns subúrbios de Damasco. Instantaneamente surgiram pelo canal YouTube enorme quantidade de vídeos em que se viam cadáveres enfileirados de supostas vítimas de ataque “químico”. Mas os vídeos não indicavam nenhum dos sintomas corretos de vítimas de exposição ao gás sarin, nem os atingidos que se via estavam recebendo os cuidados médicos de protocolo para o caso de ataque real com armas químicas. Tudo era falso. A conclusão de que se tratava de falsa operação ‘armada’ para inculpar o governo Assad correu o mundo.[7]

Mas Obama ainda tentou convencer o mundo de que o governo sírio usara armas químicas, e insistiu em distribuir fiapos de evidências, mas, de fato, não exibiu qualquer prova. E convocou aliados para que se unissem a ele numa intervenção militar.

O Parlamento britânico votou e decidiu que não. O povo britânico, como o povo norte-americano já não tem estômago para mais guerras. Obama viu-se preso num “ardil 22”:[8] podia ir à guerra sem consultar o Congresso; nesse caso, corria o risco de ser tirado da presidência por impeachment, de uma Câmara de Representantes muito hostil; ou pedia autorização ao Congresso para ir à guerra. Em pouco tempo Obama desceu da posição de “faço a guerra sozinho”[9] e pediu autorização ao Congresso. O povo dos EUA já era amplamente contrário a mais uma guerra no Oriente Médio, e os militares também.[10] Pressionados pelos eleitores, e ante o fato de que não havia prova alguma do tal “massacre”, o Congresso negou a licença para matar que Obama lhe pedira.

O Congresso dos EUA desobedeceu ao AIPAC e ao lobby israelense. Foi a primeira vez que isso aconteceu, em 22 anos.

Obama tem agenda urgente a cuidar, no plano doméstico. Há o Obama-care, o orçamento, e disputa já iminente pelo teto da dívida. Depois de perder a guerra no Congresso, Obama não poderia, baseado só em pressupostos poderes presidenciais, ir à guerra. Os riscos eram altos demais: ou um impeachment imediato, ou status de pato manco até o final do mandato. O que fazer?

Foi quando o cavaleiro russo, Vladimir Putin, acorreu em socorro de Obama.

Putin ofereceu um negócio: a Síria aceitaria entregar armas não convencionais; e os EUA aceitariam que o governo sírio e o presidente Assad permanecessem no poder. Não é ideia nova: apareceu há um ano, em agosto de 2012, quando o ex-senador  Richard Lugar propôs exatamente isso, em Moscou.[11]

As armas químicas sírias são praticamente inúteis, no campo tático. Mas podem ser usadas contra centros de população israelenses – e têm, por isso, importante poder dissuasório e de contenção, contra a violência de Israel. Mas nas atuais circunstâncias converteram-se em risco a evitar. Ao mesmo tempo, os mísseis convencionais do Hizbullah já se comprovaram muito efetivos, como força de contenção; e não implicam os mesmos problemas associados às armas não convencionais. A Síria pode, com segurança, entregar parte de seu armamento de contenção dissuasória. E confia que seus aliados Irã e Rússia providenciarão substitutos efetivos, se necessário.

Obama agarrou-se à boia que Putin lançou para ele. Sabia que entrar abertamente em guerra contra oponente bem preparado[12] e aliados significaria guerra longa e incerta. Metera-se em situação de perde-perde, mas agora voltava a ainda parecer vencedor. Resgatou Israel de uma situação em que estava ameaçada por bombas de gás e ainda arranjou a alguma coisinha para fazer trotar seu cavalinho de batalha premiado – o desarmamento de armas de destruição em massa.

Hoje, os ministros de Relações Exteriores da Federação Russa e dos EUA assinaram umas “Linhas Gerais para a Eliminação das Armas Químicas Sírias” [orig. Framework for Elimination of Syrian Chemical Weapons].[13] Exige-se que, sendo possível, todas as armas químicas sírias estejam eliminadas até meados de 2014.

O documento nada diz sobre o futuro do governo Assad. Mas a Rússia com certeza já providenciou para dar e obter as necessárias garantias. Nem a Síria teria entregado suas armas sem negociação precisa e suficiente.

A Rússia, tanto quanto a Síria, sabe que Obama tem de manter a imagem, e ninguém falará sobre o real acordo firmado horas antes em Genebra. Agiram, aliás, como Nikita Khrushchev, que manteve silêncio sobre seu acordo com Kennedy, sobre a remoção dos mísseis nucleares norte-americanos da Turquia, depois da crise dos mísseis em Cuba. À parte as garantias anunciadas, o cumprimento das garantias de desarmamento, que pode demorar um pouco mais do que foi acordado hoje, depende da sobrevivência do governo de Assad. Derrubar Assad é assunto que, por hora, os russos proibiram.

Daqui em diante, Obama começará, aos poucos, a reduzir o apoio aos terroristas na Síria. Pressionará Israel, Arábia Saudita e Turquia para que façam o mesmo. Quanto mais rapidamente a Síria promover a eliminação das armas químicas, mais rapidamente Obama se recolherá. A imprensa-empresa nos EUA rapidamente descobrirá a disputa pelo orçamento e o negócio da espionagem pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, que voltarão às manchetes. E, aos poucos, a opinião pública dos EUA esquecerá que existe Síria.

A oposição síria não está gostando do acordo e não deseja que dê certo.[14] O Conselho Militar Sírio fará o possível para que dê errado. Mas logo perceberá que ficou sem apoio político e sem dinheiro. Enquanto isso, as forças locais do CMS combatem contra grupos aliados da al-Qaeda. É bem possível que alguns grupos locais anti-Assad rapidamente se aliem ao exército sírio, contra os terroristas jihadistas. O general Selim Idris talvez consiga algum emprego burocrático de baixo escalão em Dubai ou no Qatar.

O rei saudita odeia os ideólogos da al-Qaeda tanto quanto odeia a Fraternidade Muçulmana e todos os persas. Concordará em pôr fim à guerra e atacará o bolso dos que insistam em continuar a financiá-la.

O príncipe Bandar, responsável por recrutar terroristas jihadistas, deu-se muito mal (outra vez) e não fez o que foi pago para fazer, porque disse que controlava mas não controlava seus jihadistas alugados. Pode ser mandado de volta para o deserto bravio. Os estados do Golfo seguirão (terão de seguir) o exemplo dos sauditas.

Em Israel, Netanyahoo já viu que, essa, ele perdeu. A derrota do AIPAC no Congresso já o informou disso. Embora esse round contra a Resistência não tenha sido decisivo, é verdade que grande parte da Síria foi destruída e que o arsenal estratégico sírio está, por hora, reduzido. Netanyahoo também concordará com o plano dos EUA de reduzir os latidos pró-guerra, mas exigirá alguma “compensação” imerecida. É o que ele sempre faz, e Obama sempre cede.

O premiê turco Erdogan tentará continuar a apoiar os jihadistas na Síria. É o único estadista do planeta que o faz por razões ideológicas: Erdogan é crente fiel. Mas tem também muitos problemas com outros vizinhos e a economia turca movida a empréstimos externos está à beira de precipício profundo. Há sinais vindos da Rússia e do Irã, de que pode haver algumas dificuldades técnicas, motivadas pelo inverno, com os suprimentos de gás para a Turquia. Provavelmente bastarão para induzir Erdogan a jogar a toalha. Há também gente dentro de seu próprio partido, sobretudo empresários da Anatólia, que já não o aceitam como líder. Podem usar a fraqueza política de Erdogan para trazer outro ator para o palco.

Sem apoio e sem qualquer possibilidade de vencer a luta, a parte síria da oposição que se armou provavelmente deporá armas e tentará algum acordo de anistia com o governo. Os quadros estrangeiros da al-Qaeda continuarão a lutar. Mas têm mínima base ideológica de apoio entre a população síria; e não têm qualquer chance contra exército experiente e plenamente mecanizado. Haverá bloqueio contra seus financiadores. Mas o terrorismo é duro de matar. É possível que, em breve, os EUA ajudem a Síria, com inteligência ou drones, a combatê-los.

Claramente, a Rússia é a grande vitoriosa estratégica na guerra à Síria. Está de volta ao cenário do Oriente Médio, em condições de aí permanecer por algum tempo. Ganhou por larga margem de pontos, a batalha pela opinião pública global. A Gazprom ficará feliz se puder ajudar a Síria na prospecção e na extração de gás de suas reservas oceânicas. Daí virão os fundos para reconstruir e rearmar a Síria. A Gazprom pode também comprar gás do gasoduto Irã-Síria, vendê-lo à Europa e reforçar seu monopólio por ali.

O Irã reforçou seu papel estratégico e está hoje bem posicionado para negociar um bom entendimento com os EUA, que pode pôr fim a 30 anos de hostilidades quentes e frias. Investiu muito na Síria e mais gastará para ajudar a reconstruir o país, mas o resultado estratégico – vitória do “eixo da Resistência” – vale bem o que custou.

A Síria e o povo sírio venceram a guerra e perderam muito. Serão precisos muitos anos para reintegrar os refugiados, para reconstruir o país e esperar que cicatrizem feridas profundas. Mas a Síria também reconquistou a própria independência. O mais provável é que, em 2014, Bashar al-Assad seja reeleito presidente da República Árabe Síria. A história síria o recordará para sempre, como governante civilizado e herói do seu povo.

O povo dos EUA, pela primeira vez em décadas, conseguiu fazer parar uma guerra que o presidente desejava. Essa é vitória imensa e um precedente. Que todos os norte-americanos lembrem bem desses dias, quando aparecer outra guerra inventada, ou esse ou aquele país pequeno ou distante levantar-se. Os norte-americanos, nós, temos os meios para fazer parar qualquer guerra.


Notas:







[8] Ardil 22 é título de um famoso romance-sátira da 2ª Guerra Mundial, lançado em 1961, depois, filme [http://www.cineclick.com.br/ardil-22]. O “ardil 22” é uma lei-armadilha pela qual os pilotos-personagens sempre acabavam obrigados a voar em missões de guerra: “Você pode se declarar louco, para não ser mandado voar a missão que eles inventam. Mas se eles perceberem que você não quer voar a missão, prova-se que você não está louco, e eles mandam você voar a missão” (mais sobre o livro, em http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/347842/ardil-22-(catch-22) [NTs].

[9] De http://www.moonofalabama.org/2013/08/syria-obamas-climb-down.html: “Naquele momento, Obama só poderia ter uma de duas ideias na cabeça: ou (a) ele não quer guerra e espera que o Congresso o salve daquela estúpida “linha vermelha”, armadilha que ele mesmo inventou para si próprio e que foi a causa real da operação clandestina, falsa, no subúrbio de Damasco; ou (b) ele quer guerra e espera que o AIPAC, com seu descomunal lobby, ponha ordem no Congresso e lhe dê sua guerra, para benefício do sionismo universal.”






Fonte:  14/9/2013, Blog Moon of Alabama, EUA  

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Massacre de Sabra e Chatila - 16,17e 18 /09/1982







CHORA ALMA

Minha alma estraçalhada
Grita , chora alma
De  pilhas de cadavares
Sobressai o cheiro fecundo
A rosa mais perfumada
De corpos que regam
O futuro que não chega
A injustiça consentida
De um mundo hipócrita
De tão falso
De tão cruel
Seguem os massacres
Sangue jorra
E minha alma chora, grita
Que venham as Intifadas
Sigamos a jornada
Amada Palestina
Voltaremos

por Emir Mourad


SOUL CRIES

Translated by Flávio Intifada 
My soul is shattered
Screams, cries the soul
Piles of cadavares
Stands the smell fruitful
The more fragrant pink
That water bodies
The future is not enough
Injustice consented
In a hypocritical world
So fake
So cruel
Following the massacres
blood spurts
And my soul cries, screams
Let the Intifadas
Let us follow the journey
beloved Palestine
return
Emir Mourad




Massacre de Sabra e Shatila - foto 1




"Massacres foram parte integrante do projeto sionista na Palestina. Tiveram como objetivo intimidar os árabes e fazê-los sair do país.


Dezenas de massacres foram cometidos contra os árabes a partir do massacre em Baldat al-Shaikh, em Dezembro de 1947 e não termina com o
massacre em Qana no sul do Líbano em 1996 e 2006.

Outro massacre brutal está sendo cometido em Gaza hoje. Centenas de árabes palestinos foram mortos e / ou feridos."  
por Nizar Sakhnini


Massacre de Sabra e Shatila - foto 2



Por que Sharon é um criminoso de guerra


Relato de uma testemunha ocular do massacre de 1982 em Sabra e Shatila

Pelo Dr. Ben Alofs

Media monitors Networks

Posted: June 06, 2001
     




     Sou um médico holandês, vivendo atualmente no norte do País de Gales. No verão de 1982 eu trabalhava como enfermeiro em Beirute Ocidental que, à época, estava sob sítio do exército israelense.

O negociador americano Philip Habib tinha intermediado um acordo mediante o qual o exército israelense abster-se-ia de ocupar Beirute Ocidental, depois que os fedayeens (combatentes palestinos) palestinos tivessem partido. Um segundo aspecto fundamental do acordo era que os EUA garantiriam a segurança da população civil palestina remanescente. A evacuação, supervisionada por uma força de manutenção de paz internacional, seguiu tranqüila e foi completada em 1º de setembro. Muito antes de 26 de setembro, a data que tinha sido acordada, a força de manutenção de paz internacional partiu entre 10 e 13 de setembro. No dia 3 de setembro, aconteceu a primeira violação do acordo Habib, quando as forças israelenses ocuparam Bir Hassan, na área suburbana ao sul de Beirute. Antes disso, Sharon havia afirmado que queria as forças de manutenção de paz fora de Beirute.

Depois do assassinato de Bashir Gemayel, o carismático e cruel líder dos falangistas, aliados de Israel, Ariel Sharon ordenou a invasão de Beirute Ocidental a pretexto da restauração da “lei e da ordem”. Contrariando essa afirmação, Beirute Ocidental estava perfeitamente tranqüila naquele momento. A invasão foi uma séria violação do acordo Habib. Mas mais importante era que desde o início da ocupação de Beirute Ocidental, o exército israelense, sendo uma força de ocupação sob a Quarta Convenção de Genebra e o Protocolo 1, tornou-se responsável pela segurança da população civil sob seu controle.

Massacre de Sabra e Shatila - foto 3

     Os jornalistas israelenses Zeev Schiff e Ehud Ya’ari descrevem como Sharon insistiu no envio de milicianos falangistas aos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila [ver “Israel´s Lebanon War” (“A guerra libanesa de Israel”)]. Para realizar isso, Sharon tinha tido encontros em 15 de setembro com Elie Hobeika, Fadie Frem e Zahi Bustani (líderes das milícias), assim como com Amin e Pierre Gemayel, os líderes políticos do partido falangista. Os líderes do exército israelense, Sharon incluído, estavam muito bem a par do modo de agir dos falangistas, logo depois do assassinato do seu líder. Qualquer pessoa com um conhecimento mínimo dos sentimentos dos falangistas com relação aos palestinos sabia o que iria acontecer se eles tivessem permissão para entrar nos acampamentos de refugiados.

“Tell al-Zaater” é um nome muito bem conhecido no Líbano e em Israel. Esse acampamento em Beirute Oriental, onde encontrei refugiados palestinos pela primeira vez em 1975, tinha sido sitiado durante 53 dias pelas milícias falangistas e das milícias maronitas “Tigres” no verão de 1976. Depois que os palestinos capitularam, a Cruz Vermelha Internacional, que deveria dar “salvo conduto” à população do acampamento, foi incapaz de impedir o assassinato de cerca de 1000 civis.

Os comandantes do exército israelense Eitan, Drori e Yaron fizeram comentários sobre como os falangistas estavam obcecados de vingança, falando de um “mar de sangue” e “kasash” (palavra árabe para “golpe” ou “corte”). Quando eles fizeram essas observações, Ariel Sharon deu luz verde aos falangistas para entrar em Sabra e Shatila. Eles assim o fizeram no anoitecer de 16 de setembro.

Massacre de Sabra e Shatila - foto 4

     Enquanto o massacre estava sendo cometido, eu trabalhava no hospital de Gaza em Sabra. A situação era caótica e confusa. Muitos feridos foram levados ao hospital e nossa morgue encheu dentro de pouco tempo. A maioria das vítimas sofreu ferimentos à bala, mas uns poucos foram feridos por fragmentos de balas. Em 17 de setembro ficou claro que o “kataeb” (falangistas) e/ou as milícias de Saad Haddad (fundada e armada por Israel) estavam trucidando a população civil. Um garoto de 10 anos foi levado ao hospital. Ele tinha sido atingido por um tiro, mas estava vivo. Ele passou toda a noite ferido, deitado entre os corpos mortos de seus pais, irmãos e irmãs. À noite, os assassinos foram assistidos por holofotes israelenses.

     Eu estava trabalhando com uma equipe de médicos e enfermeiros ingleses, americanos, holandeses e alemães. Tínhamos insistido em que a diretoria do hospital palestino fugisse para a parte norte de Beirute Ocidental. No sábado pela manhã, 18 de setembro, fomos presos pelas milícias falangistas/Haddad. Eles nos forçaram a deixar nossos pacientes para trás e nos levaram para fora de Sabra e Shatila pela via principal. Passamos por centenas de mulheres, crianças e homens que tinham sido cercados. Vimos corpos na estrada e em pequenas passagens estreitas. Os milicianos gritavam para nós e nos chamavam de "Baader Meinhof". Um enfermeiro palestino que julgava que ficando conosco estaria em segurança, foi identificado e levado para trás de um muro. Um momento depois vieram os tiros.

Momentos antes de alcançarmos a saída do acampamento vi uma imagem que estará para sempre em minha mente: um monte enorme de terra vermelha com braços e pernas aparecendo. Junto do monte, uma escavadeira militar com insígnias hebraicas. Um pouco fora do acampamento recebemos ordens de retirar as vestimentas hospitalares e fomos alinhados contra um muro. Foi nesse momento que um oficial do exército israelense passou num veículo militar. Ele salvou nossas vidas, ordenando aos milicianos que nos entregassem aos israelenses. Perto das fronteiras a sul a oeste dos acampamentos, vimos tanques e veículos militares israelenses.

Massacre de Sabra e Shatila - foto 5

Após uma interrogação nos quartéis militares os falangistas nos levaram para o posto de comando avançado israelense distante apenas 75 metros (250 pés). Era um edifício de quatro ou cinco andares à margem de Shatila. (Algumas semanas mais tardes eu estive no andar mais alto. Oferecia umas vistas excelentes da destruição de Shatila). Os soldados israelenses estavam visivelmente pouco à vontade, confrontados com mais de 20 europeus e americanos. Perguntaram o que queríamos. Respondemos que queríamos voltar para o hospital de Gaza. Impossível, disseram-nos, perigoso demais. Finalmente, dois de nós tiveram permissão de voltar ao hospital com um passe em hebraico e árabe.

Certamente havia uma coordenação entre os israelenses e os milicianos. O controle era na maior parte israelense. Era impossível para eles ver exatamente o que estava acontecendo nos becos estreitos de Sabra e Shatila. Mas logo que o massacre começou, soldados israelenses entraram com relatos das chacinas. Nem uma única vez o comando militar israelense tentou pôr um fim na matança. Grupos de civis, saindo dos acampamentos com bandeiras brancas, eram mandados de volta.

Até na manhã do Sábado, 18 de setembro, quando fomos retirados dos acampamentos, vimos novos grupos de falangistas entrarem nos acampamentos sob supervisão israelense. Cerca de 20 minutos depois que havíamos passado por grandes grupos de mulheres, crianças e idosos na estrada principal de Sabra, ouvimos uma orgia de fogo de metralhadoras. Swee, um médica ortopedista, disse-me que uma mãe palestina tinha tentado dar-lhe sua filhinha, como se adivinhasse o que estava prestes a acontecer. A criança foi arrebatada das mãos de Swee e devolvida à sua mãe. No Domingo, 19 de setembro, voltei a Sabra e Shatila junto com dois jornalistas, um dinamarquês e um holandês. O exército libanês havia cercado o acampamento e tentado manter fora os jornalistas. Encontramos uma entrada. Todos nós ficamos profundamente chocados com a extensão da destruição e selvageria dos assassinatos. Os israelenses tinham ordenado aos milicianos para deixarem os acampamentos em algum momento do Sábado. Estes últimos tinham conseguido provocar mais uma terrível destruição e matança depois que fomos retirados dos acampamentos na manhã do Sábado. A Defesa Civil Libanesa tinha dado início ao recolhimento dos corpos que não tinha sido enterrados pelas escavadeiras. Nunca saberemos quantas pessoas foram exatamente trucidadas durante aqueles terríveis dias 16, 17 e 18 de setembro de 1982. 1.500 talvez? 2.000? Ou até mais?

Massacre de Sabra e Shatila - foto 6

Quando as chuvas do outono começaram a cair no final de novembro, esgotos entupidos causaram alagamentos em Sabra e Shatila. O entupimento foi causado em parte pelos corpos que tinham se amontoado nos canos. Os corpos que foram recolhidos pela Defesa Civil Libanesa foram enterrados numa sepultura coletiva em Shatila. Uma grande sepultura coletiva num campo de golfe próximo, e outras sepulturas coletivas nunca iriam ser abertas. Proibidas pelo governo libanês e seu novo presidente Amin Gemayel, irmão de Bashir. O primeiro-ministro Begin disse: "Goyim mata goyim e acusam os judeus". É evidente que Hobeika, Frem e seus bandos foram diretamente responsáveis pelo massacre. Mas isso nunca teria acontecido se Sharon voluntária e conscientemente não tivesse dado a autorização para a operação.

Sharon queria destruir os últimos remanescentes da infra-estrutura da OLP no Líbano a qualquer custo. Eu estava em Sabra e Shatila. Não havia "2.000-3.000 terroristas", como alegou Sharon. Os únicos "terroristas" restantes foram um número de meninos de 10 a 12 anos que tentaram proteger seus familiares com pequenos rifles usados para caçar aves. Se pelo menos uma centena de fedayeens estivesse na retaguarda, nada daquilo teria acontecido.

Quando alguém põe uma serpente venenosa no berço de um bebê e o bebê morre, a responsabilidade recai diretamente sobre a pessoa que pôs a serpente no berço. Portanto, os comandantes israelenses Eitan, Dori e Yaron são diretamente responsáveis. Mas acima de todos, Ariel Sharon. Ele era o chefe. Poderia ter impedido essa tragédia. Mas ele queria expulsar os palestinos de Beirute para a Jordânia, que era "o estado palestino", de acordo com Sharon. Deir Yassin revisitado. "Animais bípedes", foi como Begin chamou os palestinos em 1982. Eitan falava sobre "baratas numa garrafa". Essa desumanização dos palestinos foi e ainda é a causa do frio desprezo do exército israelense pela vida dos palestinos.

Massacre de Sabra e Shatila - foto 7

     Os 400.000 israelenses que protestaram em Telavive devem ser louvados. Em Israel, pelo menos houve um inquérito sobre o massacre pela comissão Kahane. O juiz libanês de investigação Germanos, para sua vergonha, não pôde sequer determinar a identidade dos autores libaneses. As conclusões da comissão Kahane foram fatalmente invalidadas e Sharon apenas considerado indiretamente responsável e portanto inadequado para ser ministro da Defesa. Mas isso o torna adequado para ser primeiro-ministro de Israel? Como a Suprema Corte de Israel explica isso? É minha opinião, com base no que descrevi acima, que Ariel Sharon é um criminoso de guerra. Vítimas de crimes de guerra clamam por justiça. Essa é razão pela qual Augusto Pinochet deve ser processado, Radovan Karadzjic, Ratko Mladic e Slobodan Milosevic.

O assassinato de Intissar Ismael clama por justiça. Intissar Ismael era uma atraente enfermeira palestina de 19 anos com quem trabalhei no hospital Akka, em Shatila, na noite de 14 para 15 de setembro. Nosso setor estava tranqüilo e ouvíamos o rádio. O apresentador do noticiário confirmou a morte de Bashir Gemayel. Pude ver o medo no rosto de Intissar. Tentei tranqüilizá-la. Na manhã seguinte, às sete horas, deixei o hospital e tomei a estrada principal de Shatila.

De repente aeronaves militares israelenses trovejavam sobre os acampamentos a baixa altitude. No lado de fora dos acampamentos tomei um táxi para Ras Beirute.

Nos cantos das ruas vi jovens libaneses. Estavam armados e olhavam em direção ao sul. O que eles estavam esperando? Seis dias mais tarde do que o planejado, voltei para o calcinado hospital Akka. O motorista de uma ambulância disse-me que Intissar tinha estado na residência das enfermeiras no departamento subterrâneo do hospital quando os falangistas entraram. Ela foi estuprada por um bando e depois assassinada. Seu corpo foi mutilado a ponto de ficar irreconhecível. Somente pelos anéis nos seus dedos seus pais puderam identificá-la.

Intissar clama por justiça. Duas mil pessoas inocentes clamam por justiça. Isso daria uma satisfação. Se Sharon – numa visita à Europa – fosse detido e transferido para a prisão de Scheveningen. Serei cínico demais quando digo que a Europa falha quando se trata de levar ao tribunal os crimes de guerra de Israel? E serei pessimista demais quando digo que Sabra e Shatila não foi nem o primeiro nem o último crime de guerra cometido por Ariel Sharon?



Massacre de Sabra e Shatila - foto 8
















دعوة لمحاكمة مرتكبي مجزرة صبرا وشاتيلا في الذكرى الـ28

دائرة المغتربين*******
دعوات لإبقاء هذه الذكرى حيّة بأذهان الأجيال الفلسطينية

دعت هيئة العمل الوطني الفلسطيني في غزة إلى ضرورة التحرك الفلسطيني الرسمي والشعبي على كافة المستويات, وتوفير كل الوثائق والشهود لمحاكمة مرتكبي مجزرة صبرا وشاتيلا, وإدراجها في إطار محكمة الجنايات الدولية وتقديم المجرمين للعدالة.

وأكدت الهيئة في بيان لها بمناسبة الذكرى 28 للمجزرة على ضرورة إحياء هذه الذكرى في كافة تجمعات ومخيمات شعبنا في الوطن والشتات, عبر تنظيم المسيرات وإقامة معارض لصور شهداء المجزرة.

وحثت جماهير شعبنا لإبقاء هذه الذكرى حيّة في أذهان الأجيال الفلسطينية المتعاقبة, وتذكير العالم بأيام 16–17–18 سبتمبر من العام 1982م.

وقالت : " إن ذكرى مجزرة صبرا وشاتيلا وما تعرضت له مخيماتنا في لبنان يجب أن تسلط الأضواء مجددًا على معاناة اللاجئين بشكل عام وفي لبنان بشكل خاص", مؤكدة أن حل قضية اللاجئين يتمثل بعودتهم لديارهم".

http://www.pead.ps/news.php?action=show&id=6162


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