sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"Israel está doente": Cerco a Al-Aqsa, racismo e crimes de guerra

O presidente de Israel Reuven Rivlin tem se destacado por pedir “tolerância”. Rivlin, que defende um único e inconcebível “Estado judeu”, é apresentado como conciliador. Dois meses após a campanha de bombardeios de Israel contra Gaza, seu apelo inócuo acompanha a expansão da ocupação sobre os territórios palestinos e o fortalecimento de uma narrativa religiosa para o imperialismo sionista, culminante no fechamento da Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém.


Por Moara Crivelente*, para o Vermelho


Policiais israelenses empurram mulheres palestinas
Policiais israelenses empurram mulheres palestinas durante confrontos em 
Jerusalém Oriental. 13 de outubro 2014 - Foto: Mahmoud Illean / AP
Diversas análises sobre o posicionamento do chefe de Estado que critica uma “sociedade doente”, a israelense, têm sido apresentadas nas últimas semanas. Rivlin, que há poucos meses substituiu Shimon Peres, chegou a participar de um memorial na vila de Kfar Qassem, em homenagem aos 49 palestinos massacrados em 1956.

No início do mês, ele gravou um vídeo com o pequeno palestino George Amireh, em que ambos pediam “coexistência”. Amireh, cidadão israelense, é acossado por seu comportamento e sua suposta opção sexual. Além disso, os judeus árabes (o que Yuval Ben-Ami, em artigo para a revista eletrônica +972, supõe ser a ascendência do menino, embora ele se identifique como cristão árabe-palestino), chamados de “mizrahim”, são mais uma parcela da população israelense que sofre expressivo preconceito.

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Rivlin, entretanto, defende um único Estado, “judeu”, a ser oficializado na Palestina. Um Estado onde os palestinos teriam os mesmos direitos que os judeus. Mas o que acontece com a Palestina? Rivlin terá esquecido da história e da resistência popular em defesa da sua terra e da sua liberdade, uma em que a rendição é inconcebível. Se a sociedade israelense está tão “doente”, corrompida pelo ódio forjado durante mais de um século contra os árabes que insistem em continuar apegados às suas terras, até mesmo o discurso “conciliador e pacificador” do novo presidente está infectado.

Presidente Rivlin pede coexistência e respeito em vídeo
Amireh e o presidente Rivlin pedem coexistência e respeito em vídeo


A exigência de reconhecimento do “Estado judeu” não é nova, mas só foi oficializada pelo governo rançoso e agressivo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do mesmo partido de Rivlin, o Likud, de direita. Nem mesmo o líder que institucionalizou o sionismo no formato de um Estado, o primeiro premiê, David Ben-Gurion, exigia este reconhecimento.

O sionismo, aliás, entende-se como a ideologia racista e colonialista gestada na Europa, com base na “reação ao antissemitismo” para a mobilização em prol da ocupação da Palestina – que não foi a primeira opção territorial para o Estado de Israel. O Judaísmo foi um instrumento mobilizador, uma ferramenta narrativa para “justificar” o massacre e a expulsão dos árabes da Palestina. Nada mais eficiente do que a religião, como demonstrou-se em todo o mundo, para agregar um “povo” inteiro – seja ele “construído” discursivamente ou forjado pela sucessão de eventos – em torno de uma causa. Ressalte-se aí, ainda, a manipulação de quem é “semita”: no caso de Israel, significa negar ao palestino a mesma designação, como apontado por diversos historiadores, inclusive israelenses.

Destruição e morte em Gaza - PalestinaTrazendo esta sucessão de articulações políticas revestidas de uma “guerra religiosa” – conceito que os líderes extremistas insistem em taxar ao conflito Israel-Palestina – é que se entende a atual situação. Após um exasperante aumento da violência na Cisjordânia e de oito anos de bloqueio completo à Faixa de Gaza, 50 dias de bombardeios israelenses ao territóriositiado deixaram mais de 2.150 palestinos mortos e o enclave devastado, com prejuízos que ultrapassam os US$ 5 bilhões, que serão prontamente ressarcidos por países “doadores” que oferecem ajuda aos palestinos para reconstruir suas casas e sistemas de abastecimento de água e energia pela enésima vez, enquanto mantêm relações comerciais e militares com Israel, apesar de algumas ressalvas ou declarações de cautelosa reprimenda pelo massacre dos palestinos.

É certo que o reconhecimento do Estado da Palestina pelaSuécia nesta quinta-feira (30) tem grande significado: o país soma-se aos mais de 130 que já reconheceram a Palestina em 2012, na Assembleia Geral da ONU. O “reconhecimento” é uma instituição importante nas relações internacionais. O mesmo vale para a insistência israelense em negar sua posição em uma série de políticas que são evidências claras dos crimes de guerra que comete, ou que liguem Israel a essas responsabilidades. Exemplo é o rechaço quase cínico da designação “Potência Ocupante”, termo empregado pela própria ONU para descrever o regime israelense nos territórios palestinos – agora, conforme designado pela liderança palestina, o Estado ocupado da Palestina.

Assentamentos ilegais israelenses em territórios palestinosO premiê Netanyahu esforça-se por quebrar recordes naconstrução de casas nas colônias ilegais em território palestino – algumas tão grandes que têm estatuto de cidades. Nesta semana, o membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e representante palestino nas negociações Saeb Erekat pediu outra vez a resposta mundial contra o anúncio de mais colônias em Jerusalém Oriental e em seu entorno, uma estratégia para inviabilizar o Estado da Palestina com capital nesta porção da cidade. Netanyahu, que também ordenou maior presença e agressão militar contra os palestinos - detendo mais de mil pessoas entre junho e setembro deste ano e matando dezenas de resistentes à chamada “operação Guardião Fraterno” na Cisjordânia – voltou a afirmar sua posição: não pretende viabilizar a existência do Estado da Palestina.

Em coletiva de imprensa em julho, durante a “operação MargemProtetora” contra Gaza, ele disse que nunca aceitaria a soberania palestina na Cisjordânia devido a “necessidades securitárias” de Israel, voltando a acusar os palestinos de ameaçarem-no com o “radicalismo islâmico”. Nenhuma palavra sobre o aparente “radicalismo judeu” dos colonos que ocupam as terras palestinas movidos por ideais religiosos e que agridem física e verbalmente os palestinos para expulsá-los ou para tornar suas vidas insuportáveis.

A hipócrita alegação da “preocupação securitária” de Israel foi um pilar dos planos do secretário de Estado dos EUA John Kerry para as negociações mantidas entre julho de 2013 e abril de 2014, que só resultou noaumento das colônias na Cisjordânia e no maior cerco à Faixa de Gaza. “Não poderá haver qualquer acordo segundo o qual abrimos mão do controle securitário sobre o território a oeste do Rio Jordão”, disse Netanyahu, referindo-se à Cisjordânia. Israel já controla militarmente a maior parte do território segundo um acordo que deveria ser provisório, assinado no início dos anos 1990 no contexto do “processo de paz de Oslo”, mas que ainda vigora e se transforma – como é o caso da construção do “Muro de Segurança”, ou muro do apartheid, e a expropriação de terras palestinas para “fins securitários”, segundo a administração israelense.

Mobilização religiosa em prol da ocupação e da violência

Tropas terrorristas de Israel


Além da narrativa religiosa e obscurantista, a liderança extremista de Israel – e seus eleitores, num país em que a extrema-direita passou por um intenso processo de ascensão – também investe na apresentação dos palestinos como “terroristas” que querem a sua destruição. Na semana passada, um episódio em que um rapaz palestino atropelou civis parados em uma estação de trens – de acordo com a sua família, foi um acidente – serviu para novamente intensificar as manifestações violentas contra os palestinos por colonos e soldados e para que o governo israelense intensificasse a ocupação e a agressão contra os residentes de Jerusalém Oriental. Neste contexto, cresceram também as tensões em torno da Mesquita de Al-Aqsa, constantemente invadida por civis e pelos soldados israelenses em flagrante provocação contra os muçulmanos – o local é visado pela extrema-direita para demolição e a “reconstrução do Templo judeu”

Após proibir a entrada de palestinos menores de 50 anos de idade no local, o que já causou confrontos numerosos reprimidos com munições letais, mortes e mais cerco aos palestinos da região – a mesquita Al-Aqsa, terceiro local mais importante para o Islã, foi fechada pela primeira vez em décadas pelo governo israelense, nesta quinta. A justificativa dada foi o disparo contra um israelense de extrema-direita, Yehuda Glick, no auge da tensão em Jerusalém. Glick, um rabino extremista proveniente dos EUA, vinha exigindo o fechamento de Al-Aqsa, o que só havia ocorrido durante o conturbado ano de 1967, um marco para o avanço da ocupação sobre os territórios árabes, sobretudo os palestinos.

Por outro lado, o palestino que disparou contra Glick, Muataz Hijazi, foi morto por soldados no bairro de Silwan, em Jerusalém Oriental (palestina), onde as forças de inteligência de Israel impediram a passagem de uma ambulância e tomaram o corpo, de acordo com fontes locais citadas pela agência palestina Maan. Mais confrontos foram relatados entre jovens palestinos e as forças israelenses, enquanto uma corte decidia que o corpo de Hijazi seria devolvido à família, mas negava a realização de uma autópsia e limitava em 45 o número de pessoas em seu funeral. De acordo com Issa Qaraqe, chefe do Departamento Palestino para Assuntos dos Prisioneiros, Hijazi passara quase 12 anos em cárceres israelenses, onde foi torturado.



Desde o desaparecimento de três colonos israelenses na Cisjordânia, no início de junho, a violência já rompante intensificou-se aceleradamente, enquanto as manifestações racistas e xenófobas aumentaram em Israel, com papel preponderante para a cobertura sensacionalista dos meios de comunicação locais. Para muitos palestinos, o episódio foi mais um pretexto para a tentativa de impedir a reconciliação nacional construída entre a OLP e o Hamas, partido à frente do governo em Gaza. Vários casos de violência direta foram relatados tanto dos soldados quanto dos colonos israelenses na Cisjordânia, também palco de uma ofensiva militar e mais anúncios de construção nas colônias ilegais. Além disso, famílias israelenses passaram a tomar casas nas porções palestinas de Jerusalém, como foi o caso do bairro de Silwan, quando nove famílias israelenses ocuparam vários apartamentos.

A terceira ofensiva contra a Faixa de Gaza em cinco anos foi condenada mundialmente, abrindo espaço para mais uma investigação sobre os variados crimes de guerra perpetrados pelo Exército israelense contra os palestinos, cujos resultados devem ser apresentados à ONU em 2015. Mais de 3.700 pessoas morreram nestes três episódios, além das vítimas de outros confrontos entre a resistência palestina e as forças israelenses que ocupam a Cisjordânia. Enquanto isso, a liderança israelense insiste em taxar este de um “conflito religioso”, apostando na mobilização das camadas mais extremistas de Israel e das colônias na Palestina, com um Parlamento recheado de representantes dos conceitos mais retrógrados e agressivos, que fazem oposição virulenta ao reconhecimento do Estado da Palestina. Cabe ao mundo tomar esta questão em maior atenção e pressionar finalmente pelo fim da ocupação e da impunidade israelense, enquanto os palestinos fortalecem sua unidade nacional e sua representação no cenário global

*Moara Crivelente é cientista política, jornalista e membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), assessorando a presidência do Conselho Mundial da Paz.



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domingo, 19 de outubro de 2014

DILMA É PAZ E AMOR, É PALESTINA


Dilma Roussef apoia os direitos nacionais do povo palestino

NESSE SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES, CONTINUO DECLARANDO MEU VOTO NA CANDIDATA DILMA ROUSSEFF.


ASSIM COMO ME MANIFESTEI NO PRIMEIRO TURNO, NA CONDIÇÃO DE SECRETÁRIO GERAL DA FEPAL- FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL, VOLTO A REPETIR, LEVANDO EM CONTA QUE AGORA A EX-CANDIDATA MARINA SE ALIOU AO CANDIDATO AÉCIO, O QUE ACABA REFORÇANDO O MEU POSICIONAMENTO ANTERIOR:



OS PALESTINOS, DE MODO GERAL, SABEM QUE A POLÍTICA EXTERNA INICIADA POR LULA E CONTINUADA POR DILMA FAVORECERAM A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA DE PAZ JUSTA PARA O POVO PALESTINO E DE DEFESA DOS DIREITOS INALIENÁVEIS DO POVO PALESTINO EM TODOS OS FÓRUNS INTERNACIONAIS. PODE-SE CRITICAR ALGUNS ASPECTOS AQUI E ALI DA POLITICA EXTERNA, MAS NÃO SE PODE DIZER QUE NÃO HOUVE AVANÇOS SIGNIFICATIVOS.

O QUE PREOCUPA É QUE O DISCURSO DOS CANDIDATOS AÉCIO E MARINA SÃO MUITO PARECIDOS E OPOSTOS A TUDO QUE A CANDIDATA DILMA APRESENTA. QUANDO DILMA CHAMOU DE VOLTA O EMBAIXADOR DO BRASIL EM TEL AVIV EM PROTESTO AO MASSACRE DE ISRAEL NA FAIXA DE GAZA, A PRESIDENTE FOI CRITICADA PELOS SETORES QUE APOIAM MARINA E AÉCIO. AGORA COM SEU DISCURSO NA ONU GEROU REVOLTA DESSES MESMOS SETORES.

ESSA REAÇÃO DE OPOSIÇÃO AOS POSICIONAMENTOS DA PRESIDENTE DILMA E DO ITAMARATY SINALIZAM QUE CASO SEJAM ELEITOS, MARINA E AÉCIO, PRETENDEM RETROCEDER E DESCONSTRUIR OS AVANÇOS CONQUISTADOS.

NAS ULTIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, LULA E DILMA TIVERAM VOTAÇÃO DE MAIS DE 70% POR PARTE DOS BRASILEIROS QUE RESIDEM NA PALESTINA OCUPADA. AGORA NÃO SERÁ DIFERENTE, POIS ESSES BRASILEIROS, DE DESCENDÊNCIA PALESTINA, SABEM QUE AS CONQUISTAS DEVEM SER MANTIDAS E CONTINUAR EM FRENTE PARA MAIS CONQUISTAS.

E NO BRASIL, A COMUNIDADE PALESTINA, SABE MUITO BEM O QUE SIGNIFICA A DESCONTINUIDADE DO APOIO DO GOVERNO AOS LEGÍTIMOS DIREITOS DO POVO PALESTINO.

ACRESCENTO QUE SE A PAZ PARA OS PALESTINOS SIGNIFICA A CONQUISTA DOS SEUS DIREITOS INALIENÁVEIS AO RETORNO E AUTODETERMINAÇÃO, A PAZ PARA OS BRASILEIROS SIGNIFICA O AVANÇO NAS AGENDAS DE INCLUSÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO, AMPLIAR TODOS OS PROGRAMAS SOCIAIS E AVANÇAR PARA QUE O BRASIL SEJA CADA VEZ MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO COM SEU PRÓPRIO POVO. QUEM JÁ FEZ ISSO E TEM MELHORES CONDIÇÕES DE DAR PROSSEGUIMENTO A ESSA AGENDA NACIONAL DE EMPREGO E RENDA, INCLUSÃO SOCIAL , ECONÔMICA E EDUCACIONAL PARA TODOS É DILMA ROUSSEF! 

ABRAÇO FRATERNO,

EMIR MOURAD – SECRETÁRIO GERAL DA FEPAL

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REFUGIADO PALESTINO ENVIA CARTA EMOCIONANTE PARA A PRESIDENTA DILMA

No dia 9 de agosto, o palestino refugiado no Brasil, Hassan Rabea, enviou uma carta para a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. No texto, o agora morador de Nova Lima, em Minas Gerais, agradece a líder brasileira pelo apoio que tem demonstrado a Palestina e a receptividade com que o país tem recebido estrangeiros que buscam abrigo.

Leia a carta aqui: http://goo.gl/HnlatT



DILMA E ABBAS, DA ONU PARA A HISTÓRIA DO SÉCULO

Uma semana de setembro

25/09 - Jornal do Brasil

por Mauro Santayana: http://goo.gl/Ez8F0d



LULA ENVIA AJUDA PARA A RECONSTRUÇÃO DE GAZA



WIKILEAKS REVELA COMENTÁRIO DE HENRY SOBEL: “LULA NÃO É AMIGO DE ISRAEL”.




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Parlamento inglês e Suécia reconhecem o Estado da Palestina

Parlamento inglês reconhece o Estado da Palestina


Muito mais do que simbólico.

Por Luiz Eça - Olhar o Mundo


O reconhecimento da Palestina como Estado independente pelo Reino Unido seria atribuição do primeiro-ministro, não do Parlamento. David Cameron só o faria como resultante de negociações entre os dois Estados.


No entanto, o fato da Câmara dos Comuns ter recomendado que o governo reconhecesse o Estado da Palestina tem um significado especial.

Afinal, é a tomada de posição do Parlamento de um dos países mais importantes  do Ocidente, num raro conflito com as diretrizes da Casa Branca.

Foi a expressão de uma maioria esmagadora – 242 a favor, contra apenas 12. Sendo que ficaram do lado dos  palestinos, não só deputados da oposição trabalhista, como também liberais e conservadores, do próprio partido de Cameron.

Não é comum na corte da rainha, parlamentares do governo  votarem contra posições do executivo.

Em cerca de 40 discursos, a questão palestina foi discutida amplamente, condenando-se as violências e ilegalidades israelenses.

Num deles, o deputado trabalhista, Graham Morris, opôs-se à vinculação  do reconhecimento da Palestina às negociações  com Israel:”Fazer o reconhecimento da Palestina depender de um acordo com Israel seria garantir a Israel o direito de veto à autodeterminação da Palestina. Reconhecimento não é uma ficha de barganha; é um direito palestino.”

Membro do Partido Conservador e ex-ministro, sir Alan Duncan, também focou este ângulo da questão: “A idéia de que ele (o reconhecimento) impediria as negociações, ou de algum modo as evitaria ou destruiria,  é claramente absurda; a Palestina ainda permaneceria ocupada e as negociações  continuariam até se acabar com a ocupação e chegar a acordos sobre  trocas de terras e fronteiras.”

Chamou  atenção a posição de outro deputado conservador, sir Richard  Otaway, chefe do comitê de assuntos do exterior da Câmara do Comuns.

Nos seus mais de 20 anos de vida política, ele sempre foi amigo de Israel, defendendo com entusiasmo seus interesses nacionais.

Mas as últimas posturas do governo de Telaviv, inclusive a expansão contínua de assentamentos, foram demais para ele.

Sem condições emocionais para mudar de lado, ele se absteve. Não deixou de mandar um recado: “Se eles (os governantes israelenses) estão perdendo gente como eu, irão perder uma porção de gente.”

Isso já está acontecendo mesmo no próprio Estado de Israel.

Veja o que disseram 363 personalidades  israelense em carta enviada à Câmara dos Comuns: ‘’Nós, israelenses, que nos preocupamos com o bem-estar de Israel, acreditamos que a existência e a segurança a longo prazo de Israel dependem da existência e da segurança a longo prazo da Palestina. Por isso, nós pedimos aos membros do Parlamento do Reino Unido para votarem a favor da moção (de  reconhecimento).”

Os promotores da iniciativa foram: dr.Alon Liel, ex diretor-geral do ministério do exterior; prof. Amiram Goldblum, fundador do movimento “Paz Agora” e Yehouda Shaul, pelo movimento “Quebrando o Silêncio”.

Assinam a carta, entre outros: Daniel Kahneman, Prêmio Nobel da economia e mais dois ex-ministros, quatro ex-deputados, três ex-embaixadores, quatro escritores, um ex-procurador geral e o general reformado Emanuel Shaked, do Corpo de Paraquedistas.

David Cameron não deve atender à Câmara dos Comuns.

Mas num próximo eventual governo trabalhista, as coisas vão mudar. A direção do partido determinou que todos os seus parlamentares  votassem pelo reconhecimento.

Seja como for, associando-se à posição igual já tomada pelo novo governo da Suécia, a Câmara dos Comuns do Reino Unido vai ajudar a incrementar a onda que se forma na Europa pró-Palestina independente.

Que também favorece os elementos moderados na revolução palestina. Eles podem apresentar o apoio do parlamento britânico como prova de que conseguir a independência é possível através de meios pacíficos.

Outros países já ameaçam aderir à causa da independência. A França, até agora ferrenha adversária, faz insinuações nessa direção.

Laurent Fabius, ministro do Exterior, declarou que caso “negociações se provarem  impossíveis ou não chegarem a uma conclusão…”, então a França reconhecerá a Palestina.

Provável já que, depois da última tentativa de acordo inviabilizada por Israel, os palestinos não aceitarão mais negociações bilaterais sem a interrupção de novos assentamentos, discussão dos temas básicos na implementação  da independência e o prazo de novembro de 2016 para a retirada completa das forças de ocupação.

Até agora Israel rejeitou ou ignorou essas pré-condições. Diante deste quadro, Netanyahu e seus pares já deveriam ter percebido que os sentimentos anti-Israel avançam de modo irresistível  mesmo na Europa.

Israel está em vias de isolamento na comunidade internacional.

Estaria na hora de repensar suas práticas e mudar enquanto há tempo.

Não vejo sinais de que eles estejam sequer admitindo discutir esta postura.

Confiam em Obama, ou melhor, na submissão de Obama ao Congresso, sob a influencia dominante dos lobbies pró-Israel, e do complexo industrial-militar,  interessado nos lucros e no poder causados pelas guerras de Israel, fartamente alimentadas por armas americanas.

Para os palestinos  e os árabes de modo geral, Obama já foi uma grande esperança de mudança na política externa dos EUA. Que passaria a os ver como amigos e a tratar suas questões com justiça e isenção.

No famoso discurso do Cairo, no início do seu mandato, Obama declarou que os EUA estavam “profundamente comprometidos com a soberania e a independência  da Palestina.”

O presidente americano até que procurou cumprir o prometido, acabando por desistir e apoiar Israel sempre , para o bem ou para o mal.

É fato que o Congresso americano, francamente pró-Israel, foi sempre uma poderosa barreira.

Quando em 2011, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, anunciou que pediria à ONU a admissão do seu país como Estado independente,  o Congresso agiu rápido.

Aprovou leis ordenando que o governo vetasse o reconhecimento da Palestina, sem um acordo negociado pelas duas partes (portanto. sem aprovação de Israel). E ameaçando retirar a ajuda à Cisjordânia, caso a ONU atendesse aos palestinos.

No ano seguinte, em novembro de 2012, a Assembléia Geral da ONU, por 138 votos contra 9, apoiou o ingresso da Palestina como Estado observador.

Ficaram ao lado de Israel, os EUA, a República Checa, o Canadá, o Panamá e algumas ilhas no oceano Pacífico.

Mas os EUA impediram que o Estado dos palestinos fosse aceito de maneira plena no Conselho de Segurança, pressionando para que não conseguisse os votos suficientes.

Há esperanças de que a posição da Câmara dos Comuns inglesa influencie de algum modo os congressistas americanos.

No ano passado, Obama e Cameron haviam decidido bombardear Damasco, sem que  comissão de inquérito tivesse concluído pelas culpas de Assad num ataque com bombas químicas.

Submetida essa bélica proposta ao parlamento inglês, foi, inesperadamente, rejeitada.

Assim o premier inglês teve de desistir. Repetindo os congressistas do Reino Unido, os congressistas americanos  tendiam a dizer “não” à proposta do governo de bombardear a capital de Assad.

Prevendo a derrota da sua proposta, Obama desistiu.

Há quem espere que algo assim aconteça  agora. Ou que, ao menos, deputados e senadores americanos não aprovem automaticamente leis implicando a Casa Branca em ações para deletar a iniciativa  palestina. Talvez  analisem a questão com mais cuidado, antes de tomar decisões ditadas pela turma do Israel, first.

Os pessimistas (melhor dizendo, realistas), duvidam.

O Congresso deverá promulgar leis que ameacem todos os envolvidos na causa palestina. Teriam pouco efeito.

Suas grandes armas, os cortes de fundo e as sanções comerciais, não poderão ser usadas contra os 60 países da Ásia, África e Europa que formam a coalizão anti-ISIS. Afinal, Obama está empenhado em agradá-los para que ajudem mais os americanos, com uma participação maior na guerra.

Também não é do interesse americano criar novos atritos com países fora da coalizão como o Brasil, a China, a Rússia, o Irã e os demais países da América Latina, que vem elegendo candidatos de centro-esquerda.

Só mesmo os palestinos poderiam ser alcançados pela mão pesada de Tio Sam.

Mas justo  num momento em que o mundo inteiro está comovido com as brutalidades da guerra de Gaza e da opressão aos palestinos?

Os ventos sopram fortemente a favor deles.

Os EUA se encontram numa situação bastante incômoda.

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Suécia reconhece a Palestina como um Estado independente


O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, anunciou nesta sexta-feira (3) a decisão de seu país de reconhecer a Palestina como um Estado independente. Löfven considerou que esta medida vai ajudar a resolver o conflito israelense-palestino.

Suécia reconhece o Estado da Palestina
A solução requer "o reconhecimento mútuo e a convivência pacífica. Assim, a Suécia reconheceu o Estado da Palestina", disse o primeiro-ministro.

Se a Suécia confirmar esta iniciativa se tornará o primeiro país europeu com peso importante no velho continente a reconhecer o direito dos palestinos que foram privados pela ocupação de seu território por parte do regime israelense.

A decisão da Suécia provavelmente não será bem recebida pelo regime de Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).

Estados Unidos e UE defendem que um Estado palestino independente só deve vir através de um processo de negociação, enquanto os palestinos rejeitaram esta iniciativa, considerando a Palestina um país soberano e independente que tem sido ocupado pelo regime de Tel Aviv.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU) adotou o reconhecimento de fato do Estado soberano da Palestina em 2012, mas a UE e a maioria dos países do bloqueio, não queriam fazer esse reconhecimento oficial.

Dentro da UE, alguns países, como a Hungria, a Polónia e a Eslováquia reconhecem a Palestina, mas eles fizeram antes de entrar para o bloco de 28 membros.


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