terça-feira, 29 de novembro de 2016

Resistência e ação na solidariedade ao povo palestino

Campo de Aida na Palestina
Mural no campo de refugiados de Aida, na Palestina, mostra o documento de identidade dos refugiados. Foto: Moara Crivelente



Por Moara Crivelente*



Há décadas demais, afirmamos a solidariedade ao povo palestino com números e fatos que expõem objetivamente a ocupação israelense. Há refugiados, mortos e prisioneiros demais, mas nenhum número enfatiza o suficiente que apenas um homem, mulher ou criança sob ocupação é demais. Este 29 de novembro, Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, não seria diferente. Afinal, é a data em que, em 1947, a “partilha” lançou a chamada “questão palestina”.

Todos os anos, movimentos solidários ao povo palestino em sua luta contra a ocupação israelense, em todo o mundo, marcam a data para recordar o momento crítico em que as Nações Unidas definiram a partilha iníqua da Palestina entre judeus e árabes, consolidando um projeto colonial impulsionado pelas potências britânica e francesa, no fim do século 19.



bandeiras


Decoramos os números das resoluções mais pertinentes, 181, 194, 242 e tantas outras que reafirmam – porque é inacreditavelmente necessário – os direitos mais essenciais do povo palestino, condendam a ocupação ou ainda reconhecem o direito de um povo sob ocupação à resistência.

A proposta de “partilha” acabou por validar, de certa forma, a narrativa étnico-religiosa sobre um “conflito” nascido do projeto colonialista, como em tantos outros lugares do mundo onde aparentes disputas identitárias foram instrumentalizadas pelos colonizadores. A separação do território e da população em linhas étnicas e religiosas foi em si um ponto baixo para a humanidade. Mas nem mesmo nestes moldes se estabeleceu o Estado da Palestina.

Embora haja algum consenso entre as vozes ditas “moderadas” sobre a estrutura política da situação na Palestina e o impacto destrutivo da ocupação crescente, desde o colonialismo e do imperialismo que a sustentam até a desumanização virulenta que a “justifica”, a questão ainda é permeada pelas representações étnico-religiosas de uma história milenar aparentemente sem solução e assim tratada.

No ano em que a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 29 de novembro o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, em 1977, o Likud (“A Consolidação”) – partido de direita hoje no poder – ascendia em Israel, ainda como uma aliança, defendendo a anexação – embora o termo raramente seja usado – dos territórios palestinos ocupados na guerra de 1967: Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.

Como hoje dito por membros dos partidos ainda mais extremistas, como o HaBayit HaYehudi (“Lar Judaico”) dos ministros da Justiça, Ayelet Shaked e da Educação e Assuntos da Diáspora, Naftali Bennet, alguns declaravam inspirações religiosas sobre o restante da Palestina e outros usavam jargões militares para promover a sua anexação, alegando que a defesa de Israel depende do que seria uma “zona de contenção” das nações árabes vizinhas.

Mesmo assim, aos palestinos se exige o compromisso com um “processo de paz” há muito enterrado na expansiva construção de colônias, nas reiteradas manifestações da liderança de direita em rejeição do Estado da Palestina, no encarceramento massivo, nas repetidas ofensivas militares, nos postos de controle esparramados, nos regimes que limitam ou impossibilitam a circulação, em um muro de separação quilométrico, no contínuo roubo de terras, no bloqueio completo da Faixa de Gaza, na negação do direito dos milhões de refugiados ao retorno e na perseguição dos defensores dos direitos palestinos na Palestina ocupada, em Israel e no exterior.

Dos oito milhões de palestinos, na Palestina ou na diáspora, em países vizinhos ou no resto do mundo, cinco milhões são refugiados – incluindo os expulsos dos territórios hoje israelenses, originários das cerca de 500 vilas destruídas pelas milícias sionistas durante a Nakba, a Catástrofe palestina, em massacres que marcam a história da luta nacional. Em documentos oficiais e discursos publicados, a “limpeza étnica” da Palestina era uma tática declarada.

Como afirma a ONU, o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino é uma oportunidade de lembrar ao mundo que a pendência custa caro, cotidianamente, a um povo massacrado, mas que resiste. Para os aliados de Israel, a “potência ocupante”, como definido no direito internacional humanitário, a data é observada com algum incremento sempre insuficiente de apoio ao desenvolvimento de lógica liberal ou de apoio humanitário às agências da ONU que prestam assistência aos refugiados, enquanto sua cumplicidade ou respaldo a Israel – pelos EUA ou a União Europeia – são os reais patrocinadores da atual condição palestina.

A solidariedade internacional ao povo palestino é potente e a liderança de direita em Israel sabe disso. Não é à tôa que a perseguição e tentativa de intimidação de solidários, sejam autoridades políticas, acadêmicos, jornalistas ou defensores dos direitos humanos, intensifica-se. O objetivo central é isolar e punir o povo palestino por ousar a resistir. Por isso, reafirmar a solidariedade, neste e em todos os outros dias, é uma necessidade inexorável, transformada em ação.



*Moara Crivelente é doutoranda em Política Internacional e Resolução de Conflitos, diretora de Comunicação do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e assessora da Presidência do Conselho Mundial da Paz.


Fontes: O Mundo & a Resistência , Cebrapaz e Portal Vermelho



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domingo, 27 de novembro de 2016

Fidel Castro, amigo da Palestina


Arafat e Fidel - foto 1



25/11/16 - PARTIDA DO AMIGO DA PALESTINA, COMANDANTE SUPREMO DA REVOLUÇÃO CUBANA, FIDEL CASTRO 


Que sua alma descanse em paz!

Hasta siempre, comandante!


رحيل صديق فلسطين القائد الأعلى للثورة الكوبية فيديل كاسترو

لترقد روحه بسلام



Arafat e Fidel - foto 2


CUBA E PALESTINA, UMA AMIZADE DESDE 1959

Durante a primeira visita de Che Guevara ao Egito, Israel atacou Gaza que estava sob administração egípcia. Ele visitou Gaza no dia 18 de junho de 1959. Esteve nos campos de refugiados palestinos, onde foi recebido com cânticos da revolução cubana e declarou apoio a causa palestina.

Fidel Castro, líder da revolução, saudou a fundação da Organização de Libertação da Palestina em 1964. Os primeiros contatos foram com a Al Fatah em 1965, cujo líder era Yasser Arafat, que se tornou presidente da OLP em 1969.

A primeira embaixada da Palestina na América Latina foi reconhecida por Cuba em 1974.

Cuba e Palestina mantiveram e mantem, até os dias de hoje, estreitos laços de amizade e cooperação.


Em 1959 Che Guevara esteve em Cuba
Gaza, Palestina - 18/06/1959 - Che Guevara e delegação palestino egipcia



Arafat e Fidel - foto 3















Arafat e Fidel - foto 4






Arafat e Fidel - foto 5
O primeiro-ministro cubano Fidel Castro e o líder OLP – Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat, juntam as mãos logo após o discurso de Arafat na sessão final da 7ª Conferência da Cúpula dos Não-Alinhados, em 13 de março de 1983 em Nova Délhi- Índia. 




Arafat e Fidel - foto 6
O presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat , durante sua visita a Cuba em dezembro de 1974, para estreitar as relações de amizade com Fidel Castro e Cuba.





Algumas fotos foram copiadas da Yasser Arafat Foundation مؤسسة ياسر عرفا: https://www.facebook.com/yafps/ 


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino




















Futebol em solidareidade a Palestina




Solidariedade ao povo palestino




Em 1977, a Assembleia Geral do ONU pediu que fossem celebrados todos os anos no dia 29 de Novembro (resolução 32/40 B) O Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Com efeito, foi nesse dia que, no ano de 1947,  que a Assembleia Geral aprovou a resolução sobre a divisão da Palestina [resolução 181 (II)].

No dia 3 de Dezembro de 2001, a Assembleia tomou nota das medidas adotadas pelos Estados Membros para celebrar o dia e pediu-lhes que continuassem a dar a essa manifestação a maior publicidade possível (resolução 56/34). Reafirmando que as Nações Unidas têm uma responsabilidade permanente no que se refere à questão da Palestina, até que se resolva satisfatoriamente, no respeito pela legitimidade internacional, a Assembleia autorizou, no dia 3 de Dezembro de 2001, o Comitê para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino a continuar a promover o exercício de tais direitos, a adaptar o seu programa de trabalho em função dos acontecimentos e a insistir na necessidade de mobilizar a ajuda e o apoio ao povo palestino (resolução 56/33).

Foi solicitado ao Comitê que continuasse a cooperar com as organizações da sociedade civil palestina e outras, a fim de mobilizar o apoio da comunidade internacional a favor da realização, por parte do povo palestino, dos seus direitos inalienáveis e de uma solução pacífica para a questão da Palestina, e que envolvesse mais organizações da sociedade civil no seu trabalho.

Em 1947 a ONU era integrada por 57 países e o ambiente político era completamente dominado pelos EUA, que fizeram pressão sobre as pequenas nações. Com 25 votos a favor, 13 contra e 17 abstenções e, sem o consentimento dos legítimos donos da terra - o povo palestino, foi decidida a divisão da Palestina. A resolução de nº 181, determinou a divisão da Palestina em dois Estados: o Palestino e o Israelense. Na partilha do território, 56% da área caberiam aos israelense que, na fundação de seu Estado, ocuparam 78% do espaço e se valeram da força para promover a expulsão dos palestinos de seus lares e terras - que se refugiaram em acampamentos na Cisjordânia, Gaza, Líbano, Jordânia e Síria. Em 1967, Israel ocupou o restante do território que a divisão da ONU destinara à construção do Estado Palestino.

A efetivação do Estado Palestino independente, com Capital Jerusalém e o retorno dos refugiados (Resolução 194 da ONU)  são questões cruciais à construção de uma paz verdadeira no Oriente Médio, que precisa ser justa e respeitada para ser duradoura.

solidariedade ao povo palestino
SÃO PAULO


Estados e Municípios que instituíram o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino:

- São Paulo – SP – Lei Estadual Nº 4439 - 1984
- Florianópolis – SC  –Lei Municipal Nº 3440/90 – 17/08/1990
- Mato Grosso – Lei Estadual Nº 5.751, DE 14/06/1991
- Ceará – Lei  Estadual Nº 11.892 - 20/12/1991
- Porto Alegre - Lei Municipal  6858 de 16/07/1991
- Pernambuco – Lei Estadual Nº 12.605 - 21/06/2004/95
- Campinas - Lei Municipal Nº 9.552 - 10/12/1997
- São Borja –RS - Lei Municipal Nº 3.002/2002 - 28/05/2002
- Bahia – Projeto Lei Estadual - 13074/2003
- Marília -SP -  Lei Municipal N° 5.862 - 17/06/2004
- Santa Maria – RS -  Lei Municipal  Nº 4907- 4/05/2006
- Quarai – RS – Lei Municipal – 2006
- Acegua – RS – Lei Municipal Nº 530/2007 – 13/06/2007
- Pelotas – RS-  Lei Municipal  Nº 4.015 - 25/04/2007
- Rio Grande do Sul - Lei Estadual Nº 377/2010 - 03/05/2011


Cebrapaz
Conferência Mundial Pela Paz - São Luís- MA - 20/nov/16


Nordeste- solidariedade com o povo palestino
RECIFE
Encotnro dos Palestinos do Nordeste


A primeira Lei no Brasil que institui o dia 29 de novembro como dia de Solidariedade ao Povo Palestino:

Lei Nº 4.439, de 7 de dezembro de 1984

Institui o “Dia da Solidariedade com o Povo Palestino”, a ser comemorado anualmente, no dia 29 de Novembro

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica instituído o “Dia da Solidariedade com o Povo Palestino” a ser comemorado, anualmente, no dia 29 de novembro.

Artigo 2º - O Governo do Estado de São Paulo e a Assembleia Legislativa promoverão atividades alusivas à efeméride.

Parágrafo único – Estas atividades serão desenvolvidas conjuntamente com entidades árabe - palestino - brasileiras, sediadas no Estado de São Paulo.

Artigo 3º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 7 de dezembro de 1984.

FRANCO MONTORO

Jorge Cunha Lima, Secretário Extraordinário da Cultura

Roberto Gusmão, Secretário do Governo


Autor da lei: Deputado Estadual Benedito Cintra – PCdoB




Folclore palestino
Grupo Folclórico Palestino de Uruguaiana em apresentação no Teatro Municipal de Uruguaiana - nov/16








Sociedade Beneficente Arabe Palestina
FEIRA DAS ETNIAS - URUGUAIANA - RS - 11,12 e 13 Novembro



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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Na Palestina a "demolição pode vir a qualquer momento" (por Jade Lopes)

Os acompanhantes ecumênicos na Palestina se dividem em seis times, em seis regiões diferentes da Cisjordânia ocupada. Cada região tem suas especificidades – alguns monitoram check points por onde passam os trabalhadores, outros acompanham crianças a caminho da escola, por exemplo. Mas há um tipo de incidente que tem se tornado cada vez mais comum em todas as regiões: as demolições levadas a cabo quase que diariamente pelas forças de segurança israelenses.


Desde os Acordos de Oslo de 1993, o território da Cisjordânia ocupada foi dividido em três áreas: a Área A, que fica sob controle civil e securitário da Autoridade Palestina (AP); a área B, onde a AP lida com os assuntos civis mas os órgãos militares israelenses se encarregam da parte de segurança; e a área C, que fica totalmente sob controle do poder ocupante tanto em assuntos militares quanto civis, o que inclui planejamento urbano e concessão de permissões para qualquer tipo de construção. A área C corresponde a cerca de 60% to território da Cisjordânia, enquanto que 22,8% é área B (os centros dos vilarejos rurais) e apenas 17,2% é considerado área A (os centros urbanos)1. Como mostra o mapa do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA), a única área contígua da Cisjordânia é a C, enquanto que as áreas A e B são como ilhas de territórios mais ou menos autônomos. Toda a extensão das fronteiras, assim como as principais estradas, são controladas pelas forças israelenses.


Essa divisão deveria ser temporária e teoricamente tinha por objetivo facilitar a retirada gradual do exército israelense da Cisjordânia: dentro de cinco anos, a área C deveria ser considerada B e as áreas B deveriam virar A – mas isso nunca aconteceu.

Apesar de ser, hoje, irregular, essa divisão afeta a população palestina todos os dias, especialmente aqueles que vivem área C. Eles são impedidos de construir novas casas ou abrigos para seus animais e até de reformar antigas estruturas sem antes conseguir permissão das autoridades israelenses. O processo para se candidatar a uma permissão é burocrático, demorado, caro, e mesmo assim é praticamente impossível que ela seja concedida2. Dessa forma, é muito comum que as famílias comecem a construir suas casas sem autorização. Nesses casos, as autoridades israelenses podem demolir as construções a qualquer momento.

Foi o que aconteceu com a comunidade beduína de Ein Ar-Rashash. Aqui, o alvo das demolições não eram nem sequer estruturas permanentes, mas tendas.



Todo o vilarejo foi demolido em fevereiro deste ano. Nos dias que se seguiram novas tendas foram providenciadas pela ONG Acted e em pouco tempo a comunidade se reergueu, mas desde então eles vivem sob constante ameaça de uma nova demolição. As 12 famílias que formam essa comunidade já tem um histórico de deslocamentos: antes da fundação do Estado de Israel em 1948, viviam no deserto do Negev; depois disso foram forçadas a se mudar para El-Khalil (Hebron), depois para os arredores de Jerusalém Oriental, para os arredores de Jericó e agora vivem aqui, em Ein Ar-Rashash na região de Nablus. Ao ser perguntado sobre o que espera do futuro, Ali Sahwahra responde:

“Que futuro? Estamos sitiados aqui. Não podemos ir a lugar nenhum porque cada vez mais terras na nossa volta viram assentamentos ou zonas de treinamento militar. Nem de noite temos descanso. Geralmente as pessoas dormem e descansam à noite, mas aqui, de noite ficamos ainda mais tensos. Dormimos ansiosos, de meia em meia hora, porque a qualquer momento o exército ou os colonos podem chegar e fazer o que quiserem conosco.”

O vilarejo beduíno de Al-Araqib oferece um exemplo extremo desse tipo de situação: no dia dois de novembro, a comunidade foi demolida pela 105ª vez desde 2010 – sendo que a penúltima demolição havia ocorrido menos de um mês antes, no dia 6 de outubro. 3

Segundo o artigo 53 da IV Convenção de Genebra4, referente à proteção de civis em tempos de guerra e em territórios ocupados, é proibido ao poder ocupante destruir qualquer tipo de construção no território ocupado, exceto se absolutamente necessário para fins militares. Em casos como os dessas vilas beduínas, demolidas e reconstruídas incontáveis vezes, não fica claro que tipo de ameça as tendas, as famílias e os rebanhos representam à segurança do Estado de Israel. Mesmo assim, de temos em tempos, as escavadeiras chegam e colocam tudo abaixo mais uma vez.




Na verdade, nem é necessário que a construção seja considerada irregular para que seja demolida. A cidade de Beita, na região de Nablus, é majoritariamente área B, o que significa que é necessário apenas conseguir permissão das autoridades palestinas para construir. Na madrugada do dia 3 de novembro, três lojas foram demolidas pelas forças militares israelenses. Os terrenos são de propriedade privada e estavam sendo alugados com permissão da prefeitura de Beita. Mohammed A., dono de uma dessas lojas, trabalha com alguns familiares e a renda do negócio sustenta suas respectivas famílias, o que soma cerca de 60 pessoas. Mohammed nos conta que recebeu a ordem de demolição há um ano e meio, e desde então já havia tomado medidas legais por meio de um advogado, alegando que o terreno era em área B e a construção estava regularizada – em vão.




Apesar das dificuldades e do sentimento permanente de insegurança, a vida segue em frente sob a ocupação militar. No dia seguinte à demolição, Mohammed e alguns familiares já se empenhavam na reconstrução das estruturas que haviam sido destruídas.


A política de demolições executada por Israel é ilegal do ponto de vista do direito internacional em mais de um aspecto, pois contraria a IV Convenção de Genebra e se baseia em um mecanismo criado para ser temporário, que deveria ter acabado em 1998. Para a população palestina, é um beco sem saída: não é possível construir na maior parte das terras, e, mesmo nos vilarejos onde deveria ser possível, as forças israelenses podem demolir sem restrições – e, claro, sem oferecer compensação. A sensação de vulnerabilidade é permanente, mas a população resiste a cada vez que decide reerguer suas casas, suas lojas, os abrigos de seus animais. Por aqui, existir é resistir.

1- Norwegian Refugee Council Training Manual (2015): Housing, Land and Property in the West Bank, Area C. pg. 18

2 - Norwegian Refugee Council Training Manual (2015): Housing, Land and Property in the West Bank, Area C. pg. 32-22





Jade Lopes é formada em Relações Internacionais e no momento participa de um programa de observação de direitos humanos na Palestina chamado PAEPI (Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e em Israel – EAPPI na sigla em inglês).


Fonte: Sul21


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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Dia Nacional da Declaração do Estado da Palestina - 15 de Novembro


palestinos e as bandeiras do Estado da Palestina

O Secretário Geral da OLP, Dr. Saeb Erekat, marcou o Dia Nacional do Estado da Palestina


Comunicado de Imprensa - 15/11/16


Nós marcamos 28 anos desde que o Conselho Nacional Palestino, representando palestinos em todo o mundo, declarou o Estado da Palestina na fronteira de 1967, endossando todos os princípios do direito internacional e das resoluções da ONU. Este momento histórico também marcou a dolorosa concessão de reconhecer Israel sobre 78% da Palestina histórica.

Israel encontrou nosso compromisso histórico com mais opressão e desapropriação. O número de colonos hoje ultrapassa 650.000, contra 180.000 há 28 anos. O nosso povo heróico, tanto no exílio como na pátria, manteve-se firme no caminho da liberdade e da independência.

A comunidade internacional falhou na sua responsabilidade de corrigir esta injustiça histórica e permanente, e tentou equalizar as responsabilidades do ocupante e do ocupado. Essas falhas só alimentaram a cultura israelense de impunidade e ódio, incluindo suas agressões diárias contra o nosso povo.

A nossa visão de paz baseia-se na Iniciativa de Paz Árabe: Dois Estados soberanos na fronteira de 1967, com Jerusalém Oriental como capital da Palestina e uma solução justa para a questão dos refugiados baseada na Resolução 194 da UNGA, em troca da normalização completa das relações entre o resto da nossa região e o Estado de Israel.

Em contraste, Israel tem apenas planos de oferta para expansão de assentamentos, tensões regionais e mais discriminação, racismo e ódio. A ocupação de nosso país trouxe um enorme custo para nossa nação, incluindo o roubo em curso de nossos recursos naturais e violações sistemáticas de nossos direitos humanos e nacionais. Mais uma vez, apelamos à comunidade internacional para que ponha termo a todas as relações com Israel, incluindo a proibição de todos os produtos de colonização, a alienação de empresas que lucram direta ou indiretamente com a ocupação israelense e sanção frente a negação do nosso direito inalienável à autodeterminação.

Jerusalém Oriental foi ocupada e ilegalmente anexada há quase 50 anos. Não haverá um Estado independente da Palestina sem Jerusalém Oriental sendo sua capital. Apesar das tentativas israelenses de mudar sua identidade histórica, incluindo sua contínua separação do resto da Palestina, as ameaças ao status quo no Conjunto da Mesquita Al-Aqsa, as restrições para acessar o Santo Sepulcro e, mais recentemente, uma lei para impedir que as mesquitas anunciem suas chamadas para as orações, o Adhan, a Palestina continuará a defender os direitos do nosso povo e do património em Jerusalém, uma cidade sagrada para as três religiões monoteístas, como foi decidido pela UNESCO.

Ao longo dos últimos 28 anos, o Estado da Palestina foi reconhecido por 138 Estados e obteve adesão plena em várias organizações internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional. Também fomos reconhecidos como um estado nas Nações Unidas. Este processo bem sucedido de internacionalização é tanto um direito soberano como uma mensagem de esperança para o nosso povo. Exortamos, pois, os Estados que não reconheceram a Palestina a fazê-lo, a fim de reafirmar os nossos direitos nacionais e de evitar o colapso total da solução dos dois Estados.

Há alguns dias, 11 de novembro, marcou 12 anos desde que nosso líder, Yasser Arafat, deixou este mundo. Sobre a nossa declaração de independência lida em 15 de novembro de 1988, o Presidente Arafat disse: "Exortamos nosso grande povo a se unir à bandeira da Palestina, a defendê-la e amá-la para que ela seja sempre o símbolo da nossa liberdade e dignidade nessa Pátria, que é uma pátria para o livre, agora e sempre."


Continuamos o nosso caminho rumo à independência do nosso Estado, elevando nossa orgulhosa bandeira. Isso inclui o nosso trabalho em organizações internacionais, já que estamos trabalhando para apresentar uma resolução diante do Conselho de Segurança da ONU nas próximas semanas. Exortamos todos os membros, particularmente os Estados Unidos, a permitir que o Conselho de Segurança exerça sua responsabilidade pela paz e segurança na Palestina.


Tradução: Blog Sanaúd-Voltaremos
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Yasser Arafat declara o Estado da Palestina independente na reunião do Consleho Nacional Palestino - 15/11/1988




Arafat declara o Estado da Palestina independente


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