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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Israel sem máscaras: brasileira desvenda a “única democracia” no Oriente Médio

Desmontando a farsa da democracia isralense



Israel sem máscaras, por uma feminista brasileira


Vigilância permanente. Proibição de atividades políticas. Espancamentos. Censura. Por trás dos rótulos de “única democracia do Oriente Médio” e “país libertário” esconde-se uma ditadura perfeita




Relato de viagem de Berenice Bento*


Qual a maior peça publicitária do Estado de Israel? Ser a única democracia do Oriente Médio. Os Estados têm suas estratégias para produzir imagens positivadas, mesmo que não tenham nenhum fundamento empírico, a exemplo do mito perverso da democracia racial brasileira. Desmontar as farsas, meticulosamente construídas por Estados, demanda uma energia considerável.

Estive duas vezes na Palestina e em Israel. A primeira em agosto de 2015 para participar de um evento científico em Ramallah, capital da Cisjordânia. A segunda, de novembro de 2016 a janeiro de 2017. Foram 66 dias de imersão na realidade da “única democracia” do Oriente Médio. Tenho um longo diário de viagem com as histórias de perseguição do Estado aos/às palestinos/as e aos/às “árabes israelenses”, identidade fictícia produzida por Israel para negar a identidade palestina. Decidi, neste curto artigo, contar a minha própria experiência.

Em algum momento, na fase de preparação da primeira viagem, fui deslocada no tempo. Percebi que teria que utilizar técnicas de simulação para conseguir entrar em Israel, próximas àquelas que acionava para fugir da repressão na época da ditadura civil militar no Brasil. A suposta “democracia israelense” foi ficando cada vez mais borrada quando comecei a ter contato com diversas organizações de direitos humanos e humanitárias que têm suas sedes em Jerusalém Oriental (ocupada por Israel). Todas vivem em uma situação de clandestinidade ou de semiclandestinidade. Quando eu perguntava por que não denunciam abertamente a situação política ditatorial a que são submetidas, a resposta não alterava substancialmente: se assumirmos que estamos fazendo ativismo de direitos humanos aqui, somos deportados. A expressão chave é “low profile” (discrição). Nome chique e gringo para dizer: aqui corremos perigo, precisamos ter cuidado, ser discretos.

Organizei o relato de minha experiência em quatro partes: preparação, chegada, estadia e partida.


Preparação

Era a primeira vez que estava indo para o Oriente Médio. Foram meses de preparação. Quando tudo estava quase pronto, escrevi para a organização querendo saber se eles poderiam me passar algum contato de algum brasileiro/a que iria participar do evento. Talvez pudéssemos nos ajudar mutuamente com trocas de informações. A página do evento era pobre, não havia quase nenhuma informação sobre os trabalhos aprovados, tampouco os nomes dos/as pesquisadores/as. Aliás, não tinha nenhum nome pessoal na página. O que antes sugeria descuido começou a ter outros sentidos depois que recebi a resposta ao meu pedido: “não podemos fornecer nomes por questões de segurança”.

Iria escutar a mesma explicação outras vezes. Conforme o evento se aproximava, recebia orientações que seriam fundamentais para que eu conseguisse passar pelo controle de segurança no aeroporto em Tel Aviv. As mais importantes: 1) não diga que está indo para Ramallah, 2) mesmo que você vá direito para Ramallah, faça uma reserva em um hotel em Jerusalém Oriental (ocupada por Israel), 3) diga, preferencialmente, que está indo fazer turismo religioso, 4) apague de seu computador TODAS as mensagens que tenham o nome Palestina, 5) não tenha em sua bagagem pesada ou de mão nenhum livro ou matéria com as cores da bandeira ou/e o nome Palestina.

Na segunda viagem, estas mesmas orientações foram reforçadas por colegas de ONGs humanitárias (ainda agora, ao escrever este relato, me dou conta da situação absurda. Não posso citar nomes para não colocá-los/as em risco, uma vez que eles continuam trabalhando em Jerusalém Oriental e nos Territórios Ocupados por Israel). Afirmavam ser imperativo retirar todo material publicado nas minhas redes sociais em que eu fizesse referência à Palestina. Por uma semana retirei meus artigos do meu blog, apaguei fotos em que apareço com algum símbolo que me identificasse como apoiadora da luta pela autodeterminação do povo palestino. Despendi um tempo considerável limpando mensagens e saindo de grupos de whatsapp, fiz um roteiro fictício de peregrinação religiosa. Um último conselho de um amigo: vá bem vestida. Os militares que controlam a entrada no país gostam de gente que chega com roupas de marca e têm certo ar europeu (este último conselho tornou-se impossível seguir).

No aeroporto Ben Gurion

Há duas filas no aeroporto, uma para os estrangeiros e outra para os nacionais, considerado nesta categoria qualquer judeu de qualquer parte do mundo. Nas duas vezes, fui submetida a um pequeno interrogatório. Estas foram algumas das questões: É sua primeira vez? O que você vem fazer aqui? Conhece alguém? Por que você está sozinha (esta pergunta foi feita três vezes)? Onde ficará hospedada? Qual sua profissão? Quais as disciplinas que você ensina? Onde? Você tem um roteiro de sua visita? Você só tem reserva para poucos dias, e depois? (Recomendo o TedTalk Ramallah no Youtube de Alice Walker, escritora de A cor púrpura, no qual narra a sua entrada em Israel).

Eu tentava manter a calma e até esboçar um sorriso discreto para aparentar segurança, mas tinha certeza de que eu iria para o “room”, local onde os militares fazem os interrogatórios. Quase podia sentir meus joelhos tocando-se de tão trêmula. Para me acalmar, repetia um mantra enquanto via a fila diminuir: não tem problema, Berenice, se você não entrar, você tem para onde voltar. Pense nos/as palestinos/as, refugiados/as em seu próprio país. Pense nos/as exilados/as palestinos/as que não podem voltar para o seu país. Olhava a outra fila, não sabia quem era israelense ou judeu oriundo de outro país. Não sei porque, mas lembrei-me de um amigo judeu de esquerda que me disse: jamais vou pisar naquele aeroporto. Sinto vergonha.

Conheci muitas histórias de colegas que já tinham sido encaminhados para o “room”. Depois de horas de espera, e um interrogatório com níveis diferenciados de profundidade, a pessoa, finalmente, terá a permissão para entrar no país ou será deportada. Ainda não consigo entender o que o Brasil faz quando um/uma brasileiro/a tem a entrada negada por Israel. No entanto, não tenho notícia de nenhum/nenhuma israelense impedido/a de entrar no Brasil, o que sugere certa desproporcionalidade nas relações diplomáticas.

Os motivos alegados para a deportação geralmente são: parentes palestinos, sobrenome árabe, participação em manifestações de apoio ao povo palestino no Brasil e, o novo fantasma do Estado de Israel, apoiar ou participar do movimento de Boicote, Desinvestimentos e Sanções a Israel como forma de exigir o fim das políticas de apartheid impostas ao povo palestino.


Estadia

Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo. A cidade está cercada de fora a fora por um monstro de concreto. Ninguém entra ou sai sem permissão de Israel. Os muros gigantes, no entanto, estão em todas as partes e não apenas em Gaza. E como fazer para entrar/sair? É necessário passar pelo controle militar, os chamados checkpoints. Para me deslocar, por exemplo, de Jerusalém Oriental (ocupada por Israel) para Ramallah eu tinha que atravessar o checkpoint Qalândia. Nestas ocasiões o soldado, geralmente, pegava meu passaporte e anotava meus dados no computador. Algumas vezes me perguntava: o que você está fazendo aqui? Se eu estivesse fazendo trabalho voluntário, por exemplo, em algum dos muitos campos de refugiados de palestinos que tiveram suas casas e terras roubadas pelo Estado de Israel, eu teria, mais uma vez, que mentir.

De forma geral, a orientação que recebi de ativistas e acompanhantes ecumênicos que têm mais experiência é simples: falar o mínimo possível, não dar informações desnecessárias, não ter na bolsa material identificado com ativismo político. Utilizei a mesma estratégia de décadas passadas, quando lutei contra a ditadura civil militar no Brasil: escondia dentro do casaco o livro ou fazia uma capa falsa. Qual livro eu levava? Geralmente, textos produzidos pela OCHA (Office for the Coordination of Humanatarian Affairs – Nações Unidas) com dados sobre a forma contemporânea que o Estado de Israel rouba as terras dos/as palestinos/as, os assentamentos. Estes mesmos assentamentos que o Conselho de Segurança da ONU definiu como ilegais.

Em Jerusalém Oriental (ocupado por Israel) há dezenas e dezenas de ONGs atuando. Isto não seria uma contradição com o que eu afirmei no início deste artigo de que a democracia em Israel é uma farsa? Na segunda viagem que fiz tive oportunidade de conhecer várias destas ONGs e Programas Humanitários e conversei com vários funcionários. Todos repetiam o mesmo: não podemos atuar abertamente. Temos que atuar “low profile”. Diante de minha pergunta/exclamação (“isso é uma ditadura?!”), a concordância era imediata. E por que os ativismos não denunciam abertamente o que acontece? A resposta também se repetia: se fizermos isso, o escritório fecha e os estrangeiras serão todos deportados.

Não estaria este “acordo” de silêncio, de discrição, contribuindo para que Israel continue vendendo a mentira de que é um país democrático, embora se saiba que ali reina o império do medo? É um crime perfeito. Ainda não tenho certeza, mas não sei até que ponto os ativismos globais e programas humanitários que não denunciam abertamente o que acontece não estão, de certa forma, sendo cúmplices com a reprodução do discurso de democracia, principal mecanismo utilizado para justificar as atrocidades que o Estado de Israel faz há décadas contra o povo palestino.


A partida

Antecipei meu retorno para o Brasil. Tornou-se insuportável ficar clandestina. Se tinha uma manifestação em Sheikh Jarrah, bairro palestino, eu, como internacional, fui orientada a não entrar na manifestação. Se acontecia algum conflito de rua entre os soldados e os/as palestinos/as (o que acontece quase todos os dias), eu deveria aumentar ainda mais a discrição. Esta última viagem foi importante também para conhecer os meus próprios limites em lidar com a minha dor e como reagir “diante da dor do outro” (título de um dos livros de Susan Sontag). Não sou tão forte quanto pensei.

Um dia vi um soldado chutando um palestino na hora da prece. Estava no Qalândia esperando para atravessar para Jerusalém Oriental (ocupada por Israel). De repente, vários trabalhadores palestinos se ajoelharam e começaram a rezar. O soldado gritava em hebraico alguma coisa e chutava um destes trabalhadores. Senti meus nervos vibrando, minha garganta seca e não contive as lágrimas.

Em outro dia conversei com duas crianças de 11 anos que foram presas por soldados (acusação: jogar pedras nos soldados). Não conseguia dormir. Foram noites iguais a esta que me levaram a antecipar minha volta. Tornou-se insuportável ver famílias que tiveram suas casas demolidas, conhecer histórias de crianças que são julgadas por tribunais militares.

Recomecei o ritual de preparação para meu retorno: mandar fotos para a nuvem, retirar todos os e-mails com referência à Palestina e, principalmente, mandar pelos Correios os livros, os textos, e os presentinhos que tinham escrito o nome Palestina. No aeroporto a bagagem é controlada por um serviço de segurança específico, antes de fazermos o check-in na companhia aérea. As malas nem sempre são abertas, mas sempre há a possibilidade e os relatos de confisco de computadores, câmeras, livros eram abundantes para eu arriscar.

Decisão tomada, malas prontas, de volta ao Ben Gurion. Fui conversando com o taxista sobre a minha experiência. Ele escutava e balançava a cabeça. Em determinado momento, começou a me dizer como deveria me comportar na entrada do aeroporto. Me avisou: “com você não tem problema. Eles vão fazer perguntas e uma busca no meu carro. Eles não param os carros israelenses, mas eu serei parado.” Contou-me sua história. Bisneto, neto, filho de palestinos/as nascidos/as em Jerusalém, em 1967 quanto Israel invadiu Jerusalém, eles perderam a cidadania. Oficialmente não é considerado palestino, mas árabe com residência permanente (embora, o “permanente” seja outra mentira. Ele pode perder este status e ser expulso de Jerusalém).

Chegamos no aeroporto. Ele desceu do carro, passou pelo controle de metais e o carro foi totalmente revistado. Continuei sentada dentro do carro. O soldado, do lado fora, pegou meu passaporte e me fez várias perguntas que tinham, claramente, o objetivo de saber se eu já conhecia o motorista. Desapareceu com o meu passaporte. Voltou minutos depois e fez as mesmas perguntas. Enquanto isso, o motorista tinha seu corpo escaneado. Entrou no carro e me disse que estava tudo ok. Ficamos alguns segundos em silêncio. Num tropeço de língua, lhe perguntei: “Como é possível uma vida assim?”. “Não é possível”, me respondeu.

Conforme nos aproximávamos, ele me avisou: “tá vendo aquele passageiro ali? Não é um passageiro. É um soldado à paisana. Eles estão por toda parte.” De fato, ele não poderia ser um passageiro. Nós temos uma relação de quase simbiose com nossas malas. Ele estava de braços cruzados, óculos escuros, corpo reto como uma tábua e a mala estava com ares de objeto perdido. Era um soldado.


Apertei com calor a mão do motorista. Trocamos um olhar cúmplice, uma faísca. Enquanto ele tirava minha bagagem, escrevi rapidamente, ainda dentro do carro, na nota de cem shelkes: free Palestine.


*Berenice Bento é Doutora em Sociologia e Professora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)


Fonte: Outras Palavras

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Presos em escombros: crise de habitação de Gaza

Mais de 100.000 casas permanecem danificadas ou destruídas em Gaza seis meses após o massacre israelense de junho passado contra a população civil de Gaza.  Israel continua o bloqueio por mar, ar e terra, iniciado em 2007. Dezenas de milhares de famílias lutam pela sobrevivência no inverno rigoroso sem um lar. A falta de recursos e o bloqueio continuam a dificultar a reconstrução.

Veja a reportagem completa aqui: Chanel4



Destruição



Crise de habitaçãoa em Gaza



Mais de 100 mil casas destruidas na Faixa de Gaza



Território palestino devastado pelos ataques terroristas de Israel



O cerco israelense à Faixa de Gaza é um ato terrorista


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VEJA AS ULTIMAS PUBLICAÇÕES:


Jan 2015






Dez 2014





quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Governo do Rio Grande do Sul lança campanha de ajuda humanitária à Faixa de Gaza

Débora Fogliatto -  do Sul21

Tarso Genro fes o lançamento da Campanha Humanitária à Gaza
Tarso Genro fez o lançamento da campanha no Salão Negrinho do Pastoreio 
| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O governador do estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), lançou nesta quarta-feira (20) a campanha de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, na Palestina, com o objetivo de arrecadar recursos financeiros para auxiliar a população que vive em área de conflito armado. O evento de lançamento contou com a presença do embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, do coordenador Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty, ministro Milton Rondó Filho, além de representantes da comunidade árabe-palestina no estado e de movimentos sociais ligados à causa Palestina.
A campanha vem em um momento importante, quando a trégua entre Israel e o grupo Hamas foi novamente quebrada, resultando na morte de dezoito palestinos, incluindo uma mulher grávida. Segundo dados da Federação Palestina no Brasil (Fepal), o número total de mortos já chega a 2.030 desde o início das hostilidades, em 8 de julho.
Há alguns dias, o governador se reuniu com o embaixador Alzeben, em Brasília, para acertar os detalhes da campanha. Conforme explicado no evento, o dinheiro será arrecadado em uma conta no Banrisul e repassado para a Organização das Nações Unidas, através de suas instituições que trabalham em Gaza.
De acordo com a Fepal, essa comunidade é composta de cerca de 30 mil imigrantes, refugiados ou descendentes no Estado. Os palestinos no Rio Grande do Sul se encontram especialmente na fronteira, como Uruguaiana, Santana do Livramento, São Borja, Itaqui, Rosário do Sul, Bagé, Pelotas, Rio Grande, Passo Fundo, Santa Maria, além da capital e Região Metropolitana.
Comunidade palestina marca presença no Palácio Piratini
Evento contou com presença de representantes da comunidade palestina no Estado | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

No evento, no Salão Negrinho Pastoreio do Palácio Piratini, o ministro Milton Rondó Filho destacou a importância da ajuda humanitária tendo em vista que há 1 milhão e 800 mil pessoas vivendo em Gaza, região que é atingida por ataques israelenses há mais de um mês. “São mais de 400 mil desalojados. É um imenso desastre que se soma ao desastre da Síria, que já deixou mais de 2 milhões de desalojados”, lembrou.
O embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, classificou a campanha como um “gesto solidário do Rio Grande do Sul e seu governador, nosso amigo Tarso Genro”. Ele afirmou que o Brasil sempre mostra “gestos solidários, palavras e ações”. “Essa ação solidária vai salvar vidas. Num momento em que nosso vizinho Israel destrói, o Brasil quer ajudar a construir”, ponderou.
Ele defendeu a paz entre os povos israelense e palestino através do reconhecimento do Estado Palestino e do fim do uso de força. Ao governo do estado, Alzeben pediu que fosse dado também “apoio político” além da ajuda humanitária. “Queremos que Israel entenda logo que precisa reconhecer a Palestina como Estado e como povo. Queremos ver nossas crianças indo à escola, ver nossas vidas voltando ao normal”, disse, sendo aplaudido de pé pelo público que lotou o salão.
Governador Tarso Genro e Ibrahim Al Zeben, embaixador da Palestina
Tarso cumprimenta o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzebem 
| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Os representantes da Palestina no Brasil entregaram ao governador Tarso Genro uma muda de oliveira, árvore símbolo de seu povo, e um quadro representando a paz. Os presentes foram dados por crianças de descendência palestinas nascidas em solo gaúcho. Em sua fala, Tarso contou que foi à região em missão oficial, antes do atual conflito, e recebeu pedido formal de que tivesse preocupação especial em não deixar possíveis embates “contaminar as relações entre as comunidades palestina e israelense que convivem aqui no estado”.
O lançamento da campanha de ajuda humanitária representa não apenas um ato de generosidade, mas também “é uma ação política”, afirmou Tarso. “É necessário que uma campanha como essa seja seguida de uma política de paz. O povo gaúcho tem tradição de luta, de respeito à autodeterminação de comunidades que lutam por seus direitos”, destacou.
O governador mencionou também que tem convicção que a campanha será bem-recebida também pela grande maioria da população judaica no RS, que “não aceita as ações de seu governo”. “Queremos convidar a todas as comunidades gaúchas que se associem a essa campanha. O povo do Rio Grande do Sul vai estar junto conosco nessa campanha humanitária”, afirmou.
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Governo de Estado do Rio Grande do Sul





Governo do Estado lança campanha de ajuda humanitária à Faixa de Gaza


Uma cerimônia no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini, às 14h desta quarta-feira (20), marcará o lançamento da Campanha de Ajuda Humanitária à Faixa de Gaza. Promovida pelo Governo do Estado, tem o objetivo de contribuir com recursos financeiros no auxílio às vítimas do conflito, especialmente crianças atendidas pelas escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).

"O nosso governo já esteve em missão oficial naquela região e o governador Tarso Genro tem o compromisso, com as duas comunidades, de contribuir para o processo de paz entre elas”, ressalta o chefe de gabinete do governador e coordenador da campanha, Ricardo Zamora. “Neste sentido, sem entrar no mérito do conflito, nosso governo considera fundamental mobilizar a população gaúcha para o apoio material e humanitário áquela população civil, que sofre extremas dificuldades, com carência de alimentos, água e remédios”, completa.

Detalhes da campanha foram acordados, há poucos dias, em audiência entre o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, e o governador Tarso Genro. O dinheiro será arrecadado através de uma conta do Banrisul, que será divulgada no lançamento, e o recurso obtido será repassado para as instituições da ONU que trabalhamem Gaza. Nãoserão recebidas doações de gêneros alimentícios, materiais e outros insumos por questões de logística.

Segundo a Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal), cerca de 30 mil imigrantes, refugiados ou descendentes desta comunidade vivem no Estado, distribuídos por várias cidades, especialmente na fronteira, como Uruguaiana, Santana do Livramento, Quaraí, São Borja, Itaqui, Rosário do Sul, Bagé, Pelotas, Rio Grande, Passo Fundo, Santa Maria, além da capital e Região Metropolitana.

Estarão presentes na solenidade o governador Tarso Genro, secretários de estado, o embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, o coordenador Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty, ministro Milton Rondó Filho, representantes da comunidade árabe-palestina, entidades, movimentos sociais e instituições que se proponham a apoiar os atingidos por essa guerra.

Lançamento da Ação de Ajuda Humanitária à Faixa de Gaza


Quando: quarta-feira, 14h


Local: Salão Negrinho do Pastoreio - Palácio Piratini

Quem: governador Tarso Genro, secretários de estado, o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, o coordenador Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty, ministro Milton Rondó Filho, presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal), Elayyan Aladdin

Coordenador da campanha: Ricardo Zamora, chefe de gabinete do governador

Fonte: Governo do Estado do Rio grande do Sul

* Nota do Blog Sanaúd-Voltaremos:  a presença da comunidade palestina de Quaraí está devidamente registrada. 

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domingo, 17 de agosto de 2014

Convite para o lançamento da Campanha Humanitária Faixa de Gaza

Governo do Rio Grande do Sul lança campanha humanitária à Gaza



LANÇAMENTO DA CAMPANHA HUMANITÁRIA FAIXA DE GAZA

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul


tem a honra de convidar Vossa Excelência para o Lançamento da Campanha Humanitária Faixa de Gaza, a realizar-se às 14 horas do doa 20 de agosto de 2014, no Salão Negrinho do Pastoreio, do Palácio Piratini, em Porto Alegre.

Traje: Passeio

R.S.V.P 3224-4919     confirmacoes-cerimonial@gg.rs.gov.br
Pede-se a gentileza do comparecimento com 15 minutos de antecedência.




Bandeira da Palestina é hasteada no Palácio Pirtatini


“TEM MUITA HISTÓRIA E MUITA LUTA ATÉ QUE A BANDEIRA DA PALESTINA FOSSE HONRADA, ADMIRADA E HASTEADA, COMO VEMOS NESSA FOTO NO PALÁCIO PIRATINI, SEDE DO GOVERNO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL. 

PARABÉNS A TODOS OS AMANTES DA PAZ E DA LIBERDADE, A TODOS OS AMIGOS E AMIGAS SOLIDÁRIAS COM O POVO PALESTINO, A TODOS OS ÁRABES E PALESTINOS NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL QUE CONTINUAM LUTANDO PELA LIBERDADE DA PALESTINA.”

ELAYYAN ALADDIN- PRESIDENTE DA FEPAL- FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL


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LEIA TAMBÉM:

11 de agosto


07 de agosto:



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As relações militares entre Brasil e Israel - 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07

sábado, 2 de agosto de 2014

Não em meu nome, por Marcelo Gruman


O terrorismo israelense e as crianças palestinas


Na minha adolescência, tive a oportunidade de visitar Israel por duas vezes, ambas na primeira metade da década de 1990. Era estudante de uma escola judaica da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. As viagens foram organizadas por instituições sionistas, e tinham por intuito apresentar à juventude diaspórica a realidade daquele Estado formado após o holocausto judaico da Segunda Guerra Mundial, e para o qual todo e qualquer judeu tem o direito de “retornar” caso assim o deseje. Voltar à terra ancestral. Para as organizações sionistas, ainda que não disposto a deixar a diáspora, todo e qualquer judeu ao redor do mundo deve conhecer a “terra prometida”, prestar-lhe solidariedade material ou simbólica, assim como todo muçulmano deve fazer, pelo menos uma vez na vida, a peregrinação a Meca. Para muitos jovens judeus, a visita a Israel é um rito de passagem, assim como para outros o destino é a Disneylândia.
A equivalência de Israel e Disneylândia tem um motivo. A grande maioria dos jovens não religiosos e sem interesse por questões políticas realizam a viagem apenas para se divertir. O roteiro é basicamente o mesmo: visita ao Muro das Lamentações, com direito a fotos em posição hipócrita de reza (já viram ateu rezando?), ao Museu da Diáspora, ao Museu do Holocausto, às Colinas do Golan, ao Deserto do Neguev e a experiência de tomar um chá com os beduínos, ir ao Mar Morto e boiar na água sem fazer esforço por conta da altíssima concentração de sal, a “vivência” de alguns dias num dos kibutzim ainda existentes em Israel e uma semana num acampamento militar, onde se tem a oportunidade de atirar com uma arma de verdade. Além, é claro, da interação com jovens de outros países hospedados no mesmo local. Para variar, brasileiros e argentinos, esquecendo sua identidade étnica comum, atualizavam a rivalidade futebolística e travavam uma guerra particular pelas meninas. Neste quesito, os argentinos davam de goleada, e os brasileiros ficavam a ver navios.
Minha memória afetiva das duas viagens não é das mais significativas. Aparte ter conhecido parentes por parte de mãe, a “terra prometida” me frustrou quando o assunto é a construção de minha identidade judaica. Achei os israelenses meio grosseiros (dizem que o “sabra”, o israelense “da gema”, é duro por natureza), a comida é medíocre (o melhor falafel que comi até hoje foi em Paris...), é tudo muito árido, a sociedade é militarizada, o serviço militar é compulsório, não existe “excesso de contingente”. A memória construída apenas sobre o sofrimento começava a me incomodar.
Nossos guias, jovens talvez dez anos mais velhos do que nós, andavam armados, o motorista do ônibus andava armado. Um dos nossos passeios foi em Hebron, cidade da Cisjordânia, em que a estrada era rodeada por telas para contenção das pedras atiradas pelos palestinos. Em momento algum os guias se referiram àquele território como “ocupado”, e hoje me envergonho de ter feito parte, ainda que por poucas horas, deste “finca pé” em território ilegalmente ocupado. Para piorar, na segunda viagem quebrei a perna jogando basquete e tive de engessá-la, o que, por outro lado, me liberou da experiência desagradável de ter de apertar o gatilho de uma arma, exatamente naquela semana íamos acampar com o exército israelense.
Sei lá, não me senti tocado por esta realidade, minha fantasia era outra. Não encontrei minhas raízes no solo desértico do Negev, tampouco na neve das colinas do Golan. Apesar disso, trouxe na bagagem uma bandeira de Israel, que coloquei no meu quarto. Muitas vezes meu pai, judeu ateu, não sionista, me perguntou o porquê daquela bandeira estar ali, e eu não sabia responder. Hoje eu sei por que ela NÃO DEVERIA estar ali, porque minha identidade judaica passa pela Europa, pelos vilarejos judaicos descritos nos contos de Scholem Aleichem, pelo humor judaico característico daquela parte do mundo, pela comida judaica daquela parte do mundo, pela música klezmer que os judeus criaram naquela parte do mundo, pelas estórias que meus avós judeus da Polônia contavam ao redor da mesa da sala nos incontáveis lanches nas tardes de domingo.
Sou um judeu da diáspora, com muito orgulho. Na verdade, questiono mesmo este conceito de “diáspora”. Como bem coloca o antropólogo norte-americano James Clifford, as culturas diaspóricas não necessitam de uma representação exclusiva e permanente de um “lar original”. Privilegia-se a multilocalidade dos laços sociais. Diz ele:
As conexões transnacionais que ligam as diásporas não precisam estar articuladas primariamente através de um lar ancestral real ou simbólico (...). Descentradas, as conexões laterais [transnacionais] podem ser tão importantes quanto aquelas formadas ao redor de uma teleologia da origem/retorno. E a história compartilhada de um deslocamento contínuo, do sofrimento, adaptação e resistência pode ser tão importante quanto a projeção de uma origem específica.
Há muita confusão quando se trata de definir o que é judaísmo, ou melhor, o que é a identidade judaica. A partir da criação do Estado de Israel, a identidade judaica em qualquer parte do mundo passou a associar-se, geográfica e simbolicamente, àquele território. A diversidade cultural interna ao judaísmo foi reduzida a um espaço físico que é possível percorrer em algumas horas. A submissão a um lugar físico é a subestimação da capacidade humana de produzir cultura; o mesmo ocorre, analogamente, aos que defendem a relação inexorável de negros fora do continente africano com este continente, como se a cultura passasse literalmente pelo sangue. O que, diga-se de passagem, só serve aos racialistas e, por tabela, racistas de plantão. Prefiro a lateralidade de que nos fala Clifford.
Ser judeu não é o mesmo que ser israelense, e nem todo israelense é judeu, a despeito da cidadania de segunda classe exercida por árabes-israelenses ou por judeus de pele negra discriminados por seus pares originários da Europa Central, de pele e olhos claros. Daí que o exercício da identidade judaica não implica, necessariamente, o exercício de defesa de toda e qualquer posição do Estado de Israel, seja em que campo for.
Muito desta falsa equivalência é culpa dos próprios judeus da “diáspora”, que se alinham imediatamente aos ditames das políticas interna e externa israelense, acríticos, crentes de que tudo que parta do Knesset (o parlamento israelense) é “bom para os judeus”, amém. Muitos judeus diaspóricos se interessam mais pelo que acontece no Oriente Médio do que no seu cotidiano. Veja-se, por exemplo, o número ínfimo de cartas de leitores judeus em jornais de grande circulação, como O Globo, quando o assunto tratado é a corrupção ou violência endêmica em nosso país, em comparação às indefectíveis cartas de leitores judeus em defesa das ações militaristas israelenses nos territórios ocupados. Seria o complexo de gueto falando mais alto? 
Não preciso de Israel para ser judeu e não acredito que a existência no presente e no futuro de nós, judeus, dependa da existência de um Estado judeu, argumento utilizado por muitos que defendem a defesa militar israelense por quaisquer meios, que justificam o fim. Não aceito a justificativa de que o holocausto judaico na Segunda Guerra Mundial é o exemplo claro de que apenas um lar nacional única e exclusivamente judaico seja capaz de proteger a etnia da extinção.
A dor vivida pelos judeus, na visão etnocêntrica, reproduzida nas gerações futuras através de narrativas e monumentos, é incomensurável e acima de qualquer dor que outro grupo étnico possa ter sofrido, e justifica qualquer ação que sirva para protegê-los de uma nova tragédia. Certa vez, ouvi de um sobrevivente de campo de concentração que não há comparação entre o genocídio judaico e os genocídios praticados atualmente nos países africanos, por exemplo, em Ruanda, onde tutsis e hutus se digladiaram sob as vistas grossas das ex-potências coloniais. Como este senhor ousa qualificar o sofrimento alheio? Será pelo número mágico? Seis milhões? O genial Woody Allen coloca bem a questão, num diálogo de Desconstruindo Harry (tradução livre):
- Você se importa com o Holocausto ou acha que ele não existiu?
- Não, só eu sei que perdemos seis milhões, mas o mais apavorante é saber que recordes são feitos para serem quebrados.
O holocausto judaico não é inexplicável, e não é explicável pela maldade latente dos alemães. Sem dúvida, o componente antissemita estava presente, mas, conforme demonstrado por diversos pensadores contemporâneos, dentre os quais insuspeitos judeus (seriam judeus antissemitas Hannah Arendt, Raul Hilberg e Zygmunt Bauman?), uma série de características do massacre está relacionada à Modernidade, à burocratização do Estado e à “industrialização da morte”, sofrida também por dirigentes políticos, doentes mentais, ciganos, eslavos, “subversivos” de um modo geral. Práticas sociais genocidas, conforme descritas pelo sociólogo argentino Daniel Feierstein (outro judeu antissemita?), estão presentes tanto na Segunda Guerra Mundial quanto durante o Processo de Reorganização Nacional imposto pela ditadura argentina a partir de 1976. Genocídio é genocídio, e ponto final.
A sacralização do genocídio judaico permite ações que vemos atualmente na televisão, o esmagamento da população palestina em Gaza, transformada em campo de concentração, isolada do resto do mundo. Destruição da infraestrutura, de milhares de casas, a morte de centenas de civis, famílias destroçadas, crianças torturadas em interrogatórios ilegais conforme descrito por advogados israelenses. Não, não são a exceção, não são o efeito colateral de uma guerra suja. São vítimas, sim, de práticas sociais genocidas, que visam, no final do processo, ao aniquilamento físico do grupo.
Recuso-me a acumpliciar-me com esta agressão. O exército israelense não me representa, o governo ultranacionalista não me representa. Os assentados ilegalmente são meus inimigos.
        Eu, judeu brasileiro, digo: ACABEM COM A OCUPAÇÃO!!!

(1) Marcelo Gruman é antropólogo.

Referências bibliográficas:
CLIFFORD, James. (1997). Diasporas, in Montserrat Guibernau and John Rex (Eds.) The Ethnicity Reader: Nationalism, Multiculturalism and Migration, Polity Press, Oxford.
Vídeo:
Tortura de crianças palestinas: https://www.youtube.com/watch?v=z5AkFlAeCHE

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Isolar internacionalmente o Estado fora da lei de Israel

Judeu apoia a causa palestina e diz: Israel é um estado terrorista
Ato  por Gaza, pela Palestina pedindo o fim do massacre israelense contra a população de Gaza. Em frente ao Consulado de Israel em São Paulo-19/07/14 - Foto: Blog Sanaúd-Voltaremos

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Os episódios do último fim de semana são reveladores de que a solidariedade internacionalista, de massas, se fez presente em diversos países, ao lado do povo martirizado da Palestina, no momento em que os sionistas israelenses levam adiante contra esse povo brutal ofensiva com caráter genocida.

Milhares de pessoas em diversas capitais saíram às ruas no último sábado (19), com destaque para a grande manifestação realizada em Londres, com mais de cem mil pessoas, que protestaram contra o massacre perpetrado pelos sionistas, solidarizaram-se com o povo palestino e clamaram pela paz. Em Paris, inusitadamente, a polícia proibiu e reprimiu uma manifestação pró-palestinos.

No Chile, cerca de cinco mil pessoas saíram às ruas com uma bandeira palestina gigante a demonstrar descontentamento com as ações do governo israelense. “O mundo cala, a Palestina resiste”, dizia um dos cartazes. Belgas, sul-africanos, turcos, indonésios, alemães, estadunidenses e até israelenses também manifestaram solidariedade à causa palestina.

Em São Paulo, dezenas de movimentos sociais e partidos políticos promoveram ato unificado de solidariedade ao povo palestino diante do Consulado de Israel. Por volta de cinco mil pessoas estiveram presentes demonstrando seu repúdio à agressão do regime sionista.

Em declarações ao Portal Vermelho por telefone, desde Ramallah, Palestina, Muna Namura, da União Geral de Mulheres Palestinas, membro do Conselho Nacional Palestino e da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), falou sobre a importância dos protestos internacionais: “Em primeiro lugar, porque pressionam para encerrar a guerra, encerrar a ocupação, proteger os civis e terminar os ataques contra Gaza por ar, terra e mar. Israel deveria ser punido pelo direito internacional. Em segundo lugar, porque precisamos sentir a solidariedade. A resistência reage contra os soldados, enquanto Israel ataca os civis. Nós nos defendemos, enquanto os apoiadores de Israel dizem que eles têm o direito de se defender. Nós precisamos de apoio, precisamos da solidariedade internacional.”

Por seu turno, a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, afirmou que a tendência é que “esses protestos aumentem em tom, quantidade e contundência e que sejam cada vez mais fortes as denúncias e o repúdio ao regime israelense de apartheid, no Brasil e no mundo”.

Os protestos populares são um fato alvissareiro, que devem se repetir em outras cidades, sob os auspícios das entidades dos movimentos sociais. Esses movimentos, os partidos e organizações de esquerda ao tomarem a frente dos protestos contra os crimes de Israel na Palestina constituem um fator ponderável para formar uma consciência social que se transforme em mobilização, a fim de deter a mão assassina dos agressores israelenses.

Mas isto não é suficiente. O isolamento do Estado sionista requer a mobilização dos Estados nacionais e o acionamento das Nações Unidas. Israel comporta-se como Estado pária, país bandido, à margem e contrário ao direito internacional, faz chicana e tábula rasa das instituições multilaterais, das normas e resoluções da ONU. Age de maneira desenfreada como se fora o nazi-fascismo dos nossos dias, acobertado pelo indefectível apoio do imperialismo estadunidense e da União Europeia, baseado em descomunal força militar e poder nuclear. Os crimes de lesa-humanidade que comete são incompatíveis com os valores proclamados da democracia e dos direitos humanos, que deveriam reger as relações internacionais, e estão em desacordo com a tendência da época que aponta para o reforço da luta pelo multilateralismo, a cooperação e a paz. Por isso, a todos os títulos, o Estado sionista e seus governantes merecem severa e exemplar punição.

O Brasil, país democrático e progressista, que pratica uma política externa favorável ao multilateralismo e à paz, que desempenha papel destacado no sistema das Nações Unidas, pode e deve dar sua contribuição nesse sentido. Não honra as nossas tradições pacifistas e democráticas a continuidade de negociações com Israel para o estabelecimento de acordos de livre comércio no âmbito do Mercosul. Menos ainda a existência de cooperação na esfera militar.

A rigor, nenhum país democrático, pacifista e civilizado deveria manter sequer relações diplomáticas com um Estado e um Governo que violam sistematicamente o direito internacional e cometem crimes de lesa-humanidade. Se isto não está ao alcance da atual correlação de forças, que ao menos cessem as negociações sobre o livre comércio e se rompa a cooperação na esfera militar.



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