segunda-feira, 29 de abril de 2013

Grupo brasileiro encerra agenda para divulgar realidade palestina

Em sua última atividade política na Cisjordânia, a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino encontrou-se nesta quarta-feira (24) com o governador de Jerusalém (reivindicada como a capital da Palestina, mas ocupada por Israel), Adnan Al-Huseini, que falou do apoio do Brasil à causa palestina, das negociações com Israel e do peso da cidade no conflito.



Missão brasileira de solidarieade ao povo palestino em jerusalém
Cidade antiga de Jerusalém
Ao saudar a delegação brasileira, composta por representantes de diferentes entidades, o governador reconheceu o papel do Brasil como um importante parceiro na defesa da causa palestina, “que sabe e apoia nossa justa causa”, completou. 

“Devemos fazer todo o tipo de pressão para dizer que a paz é necessária, e este é o nosso trabalho atual”, disse Al-Huseini, que reconheceu a importância do trabalho da delegação brasileira na divulgação da realidade palestina.

Para o governador, a posição política dos EUA ao defender a negociação é apenas um meio para dar tempo a Israel, que continua ocupando terras palestinas, “em uma nova colonização”.

Assim como a Cisjordânia, Jerusalém também está sob a ocupação militar israelense, e até mesmo a parte palestina é cercada por 26 colônias judias, dentro das fronteiras palestinas (ou seja, já na Cisjordânia). Além disso, há também cerca de 160 colônias judias ao redor da cidade.

As forças do exército invasor podem ser vistas em várias áreas da cidade, inclusive em pontos de peregrinação religiosa. O cerco é tamanho que os judeus e muçulmanos são proibidos de visitar os pontos religiosos da outra religião.

Para entrar na mesquita que representa a cidade, por exemplo, Al-Aqsa (que fica na chamada “esplanada das mesquitas”, onde está também o “muro das lamentações” judeu, parte restante do templo destruído há séculos), os muçulmanos e turistas têm de passar por uma ponte controlada militarmente pelas forças israelenses.

Enquanto os sionistas constroem suas colônias de forma incessante, há muitos tipos de restrições para os palestinos construírem suas residências, e quando o fazem sem a autorização da administração civil israelense, elas são derrubadas.

Para o governador, a política de Israel é forçar a emigração dos palestinos. Em tal quadro, "é muito difícil estabelecer uma política de planejamento para a cidade sitiada”. O plano de Israel é fazer com que apenas 15 ou 20 % da população de 300 mil habitantes continue na cidade, segundo Al-Huseini, para assim ampliar a ocupação.

O governador lembrou que da atual população palestina de 11 milhões de pessoas, seis milhões estão residindo em outros países, como refugiados ou emigrados.

A cidade de Jerusalém é considerada por diversos atores políticos, tanto palestinos e israelenses quanto mediadores internacionais, como um ponto crucial no conflito.

Além de ser reivindicada como a capital oficial por palestinos e israelenses (e destinada a uma partilha entre ambos, de acordo com o consenso internacional para as negociações), a cidade é usada para classificar o conflito, de forma manipuladora e equivocada, como um conflito religioso.

Da redação do Vermelho, Moara Crivelente,
com informações de Galindo Luma, integrante da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém.


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Missão brasileira de solidariedade ao povo palestino


A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino reuniu-se nesta terça-feira (23) em Ramallah (Cisjordânia) com entidades do movimento popular. A primeira reunião do dia aconteceu com Wasel Abur Yousef, coordenador do grupo que articula os 13 partidos que integram a Organização para a Libertação da Palestina, e com Sultan Abu Al-Iniem, também da OLP, refugiado no Líbano por cerca de 30 anos e que voltou ao país em 2009.


Al-Iniem fez um agradecimento especial à esquerda brasileira e disse esperar ter o Brasil sempre apoiando a luta por um estado livre, independente e soberano.

A missão encontrou-se também com entidades do movimento popular palestino, com a presença da União Geral dos Trabalhadores Palestinos (GUPW), a maior central sindical do país, a União de Mulheres da Palestina, sindicatos dos professores, economistas, engenheiros e advogados.

Mohmoud Esmaele, membro executivo da OLP, responsável na instituição por dirigir o departamento dos trabalhadores e organizações populares, abriu a reunião fazendo uma dura crítica à globalização financeira e ao imperialismo, dizendo que os trabalhadores só encontrarão a liberdade quando derrotarem as forças que sustentam a ganância e a exploração.

Reafirmou que a ocupação colonialista promovida pelo sionismo, que desrespeita sistematicamente os tratados e as leis internacionais, é um entrave muito grande ao desenvolvimento da Palestina. E concluiu: " estamos cientes de que o imperialismo não dominará o mundo; eles querem nos dominar; querem que todos sejamos os serviçais; o imperialismo vai acabar um dia; esse é o desejo dos povos".

O coordenador da delegação, Lejeune Mirhan, disse esperar voltar ao país em outras oportunidades e encontrar a Palestina livre, ressaltando a representatividade da delegação atual, integrada por representantes dos maiores partidos da esquerda brasileira e pelas maiores centrais sindicais do país.

Falou também que "além do objetivo central de prestar solidariedade ao povo palestino, a delegação tem como tarefa a divulgação no Brasil, de todas as formas possíveis, de tudo que foi visto nas visitas e reuniões que aqui fizemos".

A secretária Geral da União de Mulheres, parte da estrutura da OLP, Nana Alkha Lili, disse que a entidade tem presença em todo o país e em outras nações, que promove atividades diárias de fortalecimento da luta emancipadora; que mantém intercâmbio com várias entidades mundo afora e que tem levantado a luta pela quota de 30% das mulheres na ocupação de cargos nas entidades e partidos.

Nana disse também que "as mulheres têm de assegurar o direito de participar das decisões políticas".

Mohammad Yahya, representando a CUPW informou que a central tem na base 156 mil trabalhadores, organizando os trabalhadores em comitês contra a ocupação. De acordo com Yahya, o desemprego é muito grande em decorrência da ocupação, e "os trabalhadores do mundo têm uma única causa, a luta pela superação da exploração". Ao final, foi sugerida e aprovada a proposta de a delegação e os palestinos indicarem três pessoas cada para o início de intercâmbios entre os movimentos sociais dos dois países.

Solidariedade brasileira


Al-Iniem agradeceu ao Brasil por ter sediado o Fórum Social Mundial Palestina Livre, em 2012, e denunciou os problemas provocados pela ocupação. Sultan, que foi o comandante da resistência armada no Líbano e é atualmente membro do Comitê Executivo da OLP, disse que o atual momento clama pela defesa da democracia e por igualdade, o que só será plenamente possível com a saída do exército invasor.


A missão brasileira visitou a cidade de Beytunia, que fica a três quilômetros da capital e tem cerca de 30 mil habitantes. É uma cidade histórica localizada no centro do país e, como as demais, é vítima da cruel ocupação estrangeira: as colônias judias estão ao redor do município.

As forças do exército mantém nas proximidades uma prisão com aproximadamente 1.000 presos, julgados e condenados por um tribunal militar israelense e vítimas permanentes de torturas físicas e psicológicas.

A delegação brasileira pelo prefeito Ribhi Dola, ex-preso político, por 13 vereadores e membros da administração. No auditório do prédio municipal, com a presença do embaixador do Brasil, Paulo Roberto França, o gestor registrou o prazer de receber os brasileiros, falou das dificuldades resultantes da ocupação, e seus secretários apresentaram os projetos de desenvolvimento da cidade.

O embaixador agradeceu a presença da delegação do comitê e sugeriu que iniciativas desse tipo tenham prosseguimento, ressaltando que o Brasil é parceiro na luta pela constituição do estado palestino.

Uma pequena carreata com bandeiras do Brasil se dirigiu a um parque, onde houve um almoço de confraternização. Na abertura, com um público de mais de 100 pessoas, um líder religioso muçulmano fez uma introdução com versículos do corão, seguido de apresentação dos hinos nacionais do Brasil e da Palestina.

O prefeito voltou a falar do prazer em receber os brasileiros e em tom emocionado se dirigiu aos presentes: "espero que vocês levem para o Brasil a mensagem de que um dia seremos livres e independentes". O coordenador do comitê brasileiro Lejeune Mirhan disse esperar que em tempo o mais breve possível o povo palestino seja livre, soberano, independente, democrático e laico.

Às 19h ocorreu o encontro com o presidente do Partido da Frente Árabe-Palestina na sede da União de Mulheres Palestinas. Jamil Shadah disse sentir-se honrado com a visita da delegação brasileira, e que essa iniciativa é uma colaboração valiosa na luta contra a ocupação.

O dirigente partidário afirmou que a Palestina vive “um dos momentos mais duros da ocupação, com a violência praticada diariamente contra a população local pelas forças e ocupação”, e que o partido tem concentrado esforços para atrair o Hamas (no governo da Faixa de Gaza) para compor a frente, "uma tarefa muito difícil, mas não impossível", afirmou.

Às 21h, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) organizou um jantar de confraternização com os brasileiros integrantes da missão. Mohmoud Esmaele, secretário executivo da OLP, assim com várias lideranças da frente política, conclamou solidariedade entre povos e governos pela democracia e contra qualquer forma de opressão.

Disse que “muitos passos ainda serão dados no caminho da conquista dos objetivos estratégicos, mas que a liberdade do povo palestino virá mais cedo do que se imagina”.

Da redação do Vermelho,
com informações de Galindo Luma, da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém


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