domingo, 23 de março de 2014

DIA DA TERRA, 30 DE MARÇO


ATIVIDADES DA SEMANA DO DIA DA TERRA


Dia da Terra - Mesquita de Curtiba - Retratos da Resistencia


Atividades do Dia da Terra - Brasil - São Paulo


Palestina - Retratos da Resistencia - Mostra Fotográfica
Com Leandro Taques e Rafael Oliveira

30/mar - a partir das 10:30 h -Mesquita de Curitiba

R. Dr. Kellers, 383 - Bairro São Francisco - Curtitiba


Palestra “Palestina, a terra e o documento”
Com o Dr. Abdel Latif Abdel Latif
27/mar - 20 hs - Quinta-feira - Centro Cultural Árabe Sírio
R. Dos Ingleses, 149 – Bela Vista – São Paulo

Lançamento do livro “Poemas para a Palestina”

Com os Poetas Claudio Daniel e Khaled Mahassen
26/mar - 19h -  Quarta-feira  - Bar Canto Madalena
Rua Medeiros de Albuquerque, 471-V.Madalena – São Paulo

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Conheça mais sobre o livro: 

-  Poemas para a Palestina 
                                                                  
- A Palestina reimaginada na poesia brasileira

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Palestinos: O Dia da Terra*

Por Maurício Tragtenberg

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.

 * Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985.

 ** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.

  O texto acima encontra-se no site: http://www.espacoacademico.com.br/028/28mt_29031985.htm

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Projeção Fotográfica "Palestina - Retratos da Resistência"
dos fotógrafos Leandro Taques e Rafael Oliveira.

30 de março de 1976: do massacre nasceu o DIA DA TERRA

Em 30 de março de 1976 uma greve geral e grandes manifestações tomaram as ruas de cidades majoritariamente palestinas no que se convenciona chamar de Israel (territórios anexados ilegalmente após 1948), especialmente no norte do território da Palestina histórica, também conhecida como Galiléia. As principais manifestações ocorreram em Nazaré.

As manifestações ocorreram em protesto às expropriações ilegais, pelas forças armadas de Israel, de grandes extensões de terras pertencentes a palestinos. O pretexto: segurança. A motivação real: implantação de colônias judaicas em terras palestinas e expulsão da população nativa, dando seguimento à limpeza étnica iniciada em 1948, mantida até os dias atuais, da qual resultam mais de 5 milhões de palestinos refugiados fora da Palestina e outros quase 3 milhões deslocados internos.

A estas manifestações, desarmadas e pacíficas, Israel reagiu com desmedida brutalidade, levando à repressão sangrenta que resultou em seis mortes, centenas de feridos, muitos gravemente, e centenas de prisões. Desde então os palestinos de todo o mundo celebram esta data como o DIA DA TERRA.

A população palestina atual é de aproximadamente 12 milhões, havendo perto de 1,8 milhão vivendo no que hoje se entende por território de Israel. Desta população total, apenas 46% dos palestinos vivem na Palestina histórica, isto é, Israel, que detém 78% do que um dia foi a Palestina, e Cisjordânia de Gaza, que representam os restantes 22%. O restante vive ou em países limítrofes (ao redor de 42% na Jordânia, Síria e Líbano) ou em outros países árabes, europeus de americanos (12%).

Hoje, em virtude dos contínuos confiscos de terras aos palestinos e as construções ilegais de colônias judaicas, postos militares e de controle, bem como estradas exclusivas para judeus, restam apenas ao redor de 9% da Palestina histórica em poder de palestinos. A limpeza étnica prossegue sem que Israel seja condenada categoricamente, impunidade somente possível graças ao apoio de muitos países ocidentais e ao veto, por parte dos EUA, de todas as resoluções condenatórias apoiadas pela totalidade dos países com assento na ONU.



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Dia da Terra Palestina - Chile

Dia da Terra Palestina - Chile

sábado, 15 de março de 2014

Poemas para a Palestina


QASAÊD ILA FALASTIN    -   قصائد إلى فلسطين


Poemas para a Palestina - QASAÊD ILA FALASTIN - قصائد إلى فلسطين




PREFÁCIO

Emir Mourad

O que seria da poesia sem o poema?

O poema é o leitor lendo com a mente, é o texto em si. A poesia é a tradução que o leitor faz do poema-texto através dos seus sentidos, da sua alma, mente e coração.

Meus amigos poetas, Cláudio Daniel e Khaled Mahassen, nos trazem autores que expressam a Palestina em poemas, que ao serem lidos nos transportam para a realidade da Palestina e seu povo, nos fazem perceber dores, lamentos, tristezas e muita esperança de dias melhores.

E o poema vai ocupando o interior do ser e se transforma em poesia. Uma poesia que no seu significado de dor e lamento, apresenta uma mensagem de solidariedade com quem sofre a dor.

Não tivesse os nomes dos poetas, poderíamos dizer que os autores são palestinos, tal a dor que exprimem, tal a injustiça que denunciam, tal o lamento que cantam. Esse é o maior significado da causa e da luta do povo palestino: ultrapassou as fronteiras geográficas, ganhou o mundo, pois exprime a luta por justiça que está no cerne da dignidade e altivez dos seres humanos. A causa do povo palestino é de toda a humanidade.

Só tenho que agradecer a cada poeta que nos faz sedentos, cada vez mais, por justiça e liberdade para o povo palestino e todos os povos explorados e oprimidos.

Agradeço aos amigos Cláudio e Khaled por reunirem essas vozes, esses protestos, essa bandeiras da esperança e da paz, essa gente brava que aflora a verdade escondida pela mídia dos poderes podres e manipuladores.

Obrigado a todos os poetas que nos fazem transformar seu poema em poesia.


Emir Mourad
Secretário Geral da FEPAL
Federação Árabe Palestina do Brasil


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Livro: Poemas para a Palestina

Autor: Vários autores

Gênero: Poesia

Número de Páginas: 100

Formato: 14x21 - acabamento em capa dura

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Célia Abila

RECADO, DO MUNDO, AO HÓSPEDE

_Ouve o grito dos mortos?
interrogo:

Covardia escondida em tanques
de sessenta e cinco toneladas,
lava roupa suja de sangue
em triste ensaio macabro.
Holocausto não calou inferno?
Pensamento atravessado de fausto,
encadeado em carnificina indecente
na espoliada Palestina;
herança de um povo abnegado
que tem incerta a paz das casas
de mulheres, crianças e velhos
na trilha pavorosa de intrigas.

Céu e inferno relembram
os laivos dos judeus em movimento
nacionalistas cínicos do horror;
sionismo arcaico à procura
de um cômodo segundo lar.

África, Chipre, Congo
Argentina! Tanto faz.
“Judeus nascidos na França
são franceses da mesma forma.”
O nome de Mahatma Gandhi
veio à tona em voz rouca.
Homens com ” duplo lar”,
onde vão lavar suas roupas?


Célia Abila é poeta, participa do Laboratório de Criação Poética e publicou em sites e revistas de literatura como Cronópios e Zunái.

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Leia também: A Palestina reimaginada na poesia brasileira

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