domingo, 30 de março de 2014

Missão Brasileira chega à Palestina



Integrantes da 3ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino



28 de Março de 2014 - 16h15

Colonos israelenses restringem direitos básicos aos palestinos


Nesta quinta-feira (27), a delegação da Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, organizada pelo Comitê Pela Criação do Estado da Palestina, chegou à Cisjordânia trazendo representantes de entidades brasileiras. A primeira parada foi na cidade histórica de Jericó (fundada em 9.000 a.C.), onde foram recebidos pelo governador local, Majed Al-Fityani, que falou sobre a grave situação dos assentamentos israelenses na região fronteiriça.


Théa Rodrigues, de Ramallah para o Portal Vermelho


Foto: Théa Rodrigues/Portal Vermelho
Governador de Jericó
Majed Al-Fityani governador da cidade de Jericó, na fronteira com a Jordânia.
Por ser um governo de fronteira (135 km de fronteira com a Jordânia) e muito próximo a um dos check-points (postos militares de controle sionista), Al-Fityani disse que pela região circulam muitos militares israelenses. 

Segundo ele, apesar de estar em território palestino, 85% de Jericó é considerado área militar e há 34 assentamentos israelenses, onde moram cerca de 6 mil judeus. “Nós trabalhamos para libertar nosso povo desta pressão”, afirmou Al-Fityani durante a reunião. Isso significa o claro descumprimento dos Acordos de Oslo – resultado de um dos processos de paz iniciados pelas partes nos anos 1990 – que consistia no consenso pela retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza e Cisjordânia.

O governo israelense controla também o abastecimento de água e de energia elétrica na Palestina. No caso de Jericó, 95% do bem essencial está nas mãos do governo de Israel. Os palestinos são impedidos pela administração sionista de furar seus próprios poços. Condicionalmente, se o fizerem, terão que assumir a responsabilidade do abastecimento também às colônias de israelenses.

De acordo com Al-Fityani, isso acaba se tornando um problema gravíssimo para os agricultores, que não podem seguir com os seus cultivos por falta de água. “Os agricultores já estavam aqui antes de 1967 [quando Israel ocupou a península do Sinai, Cisjordânia e Golán, estabelecendo um anel de segurança ao redor do país e intensificou os assentamentos israelenses em Gaza e na Cisjordânia]. Antes desta data tínhamos 200 mil pessoas vivendo aqui, mas depois da ocupação todos foram para a Jordânia e agora só temos 10% da população”, afirmou a autoridade.

Para Al-Fityani, essa redução também dificulta o desenvolvimento de Jericó. Além disso, ele lembrou que a maior parte da região é classificada como área C (segundo o Acordo de Oslo 2), onde eles não podem trabalhar e precisam da permissão do governo de Israel para fazer qualquer coisa, uma vez que a administração está sob total controle israelense. “O governo israelense também não autoriza que palestinos de outras regiões a trabalharem aqui”, ressaltou Al-Fityani.

“Israel usa o pretexto da segurança para manter a região nesta situação. Inclusive também não deixa que ninguém da Jordânia entre neste território”, disse ele. A razão real é econômica, explicou o governador de Jericó, pois o lucro dos agricultores israelenses que estão nos assentamentos é de 650 milhões de dólares por ano. “Os colonos exploram a agricultura local e o comércio de sais do Mar Morto para a indústria cosmética”, afirmou Al-Fityani.

Sobre a visita da missão, o governador de Jericó lembrou que o Brasil foi um dos primeiros países a votar a favor da criação de um Estado palestino e, por isso, Al-Fityani considera o povo brasileiro como um “povo-amigo”. Em seguida, pediu para que o grupo fizesse incessantes esforços na denúncia das contínuas violações de Israel aos direitos humanos dos palestinos e também ao direito internacional.


                                     Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino

Terceira Missão de Solidariedade


 Participam da Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino: Lejeune Mirhan Xavier de Carvalho – coordenador da 2ª Missão de Solidariedade e do Comitê pelo Estado da Palestina. Sociólogo, professor, escritor e arabista. Representante da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fitee) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Antônio Marsicano de Miranda – diretor do Sindicato dos Comerciários do ABC e da Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo. Representa a Força Sindical; Thomas Henrique de Toledo Stella – historiador pela USP, mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, professor de Relações Internacionais da UNIP e Secretário Geral do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz); Manoel Francisco de Vasconcelos Motta – Professor de Filosofia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), doutor em Filosofia da Educação, nesta Missão representante da Federação Nacional dos Professores das Universidades Federais do Brasil (Pró-Ifes); Beatriz Bissio – socióloga, escritora, e jornalista, doutora em História, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chefe do Departamento de Ciência Política e ex-editora da revista Cadernos do Terceiro Mundo e escritora; Marcelo Melo de Lima – engenheiro eletrônico da empresa Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras); Nair de Faria Miranda – comerciária da Força Sindical; Antônio Victor – presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Sertãozinho; Diretor da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Estado de São Paulo e secretário adjunto de Relações Internacionais da Nacional da Força Sindical; Ângela Maria de Souza Vitor – trabalhadora da Força Sindical.

Fonte: Portal Vermelho

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ARTIGOS DA 2ª MISSÂO  DE SOLIDARIEDADE -  ABRIL/ 2014









ARTIGOS DA 1ª MISSÃO DE SOLIDARIEDADE  - JUNHO / 2012





domingo, 23 de março de 2014

DIA DA TERRA, 30 DE MARÇO


ATIVIDADES DA SEMANA DO DIA DA TERRA


Dia da Terra - Mesquita de Curtiba - Retratos da Resistencia


Atividades do Dia da Terra - Brasil - São Paulo


Palestina - Retratos da Resistencia - Mostra Fotográfica
Com Leandro Taques e Rafael Oliveira

30/mar - a partir das 10:30 h -Mesquita de Curitiba

R. Dr. Kellers, 383 - Bairro São Francisco - Curtitiba


Palestra “Palestina, a terra e o documento”
Com o Dr. Abdel Latif Abdel Latif
27/mar - 20 hs - Quinta-feira - Centro Cultural Árabe Sírio
R. Dos Ingleses, 149 – Bela Vista – São Paulo

Lançamento do livro “Poemas para a Palestina”

Com os Poetas Claudio Daniel e Khaled Mahassen
26/mar - 19h -  Quarta-feira  - Bar Canto Madalena
Rua Medeiros de Albuquerque, 471-V.Madalena – São Paulo

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Conheça mais sobre o livro: 

-  Poemas para a Palestina 
                                                                  
- A Palestina reimaginada na poesia brasileira

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Palestinos: O Dia da Terra*

Por Maurício Tragtenberg

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.

 * Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985.

 ** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.

  O texto acima encontra-se no site: http://www.espacoacademico.com.br/028/28mt_29031985.htm

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Projeção Fotográfica "Palestina - Retratos da Resistência"
dos fotógrafos Leandro Taques e Rafael Oliveira.

30 de março de 1976: do massacre nasceu o DIA DA TERRA

Em 30 de março de 1976 uma greve geral e grandes manifestações tomaram as ruas de cidades majoritariamente palestinas no que se convenciona chamar de Israel (territórios anexados ilegalmente após 1948), especialmente no norte do território da Palestina histórica, também conhecida como Galiléia. As principais manifestações ocorreram em Nazaré.

As manifestações ocorreram em protesto às expropriações ilegais, pelas forças armadas de Israel, de grandes extensões de terras pertencentes a palestinos. O pretexto: segurança. A motivação real: implantação de colônias judaicas em terras palestinas e expulsão da população nativa, dando seguimento à limpeza étnica iniciada em 1948, mantida até os dias atuais, da qual resultam mais de 5 milhões de palestinos refugiados fora da Palestina e outros quase 3 milhões deslocados internos.

A estas manifestações, desarmadas e pacíficas, Israel reagiu com desmedida brutalidade, levando à repressão sangrenta que resultou em seis mortes, centenas de feridos, muitos gravemente, e centenas de prisões. Desde então os palestinos de todo o mundo celebram esta data como o DIA DA TERRA.

A população palestina atual é de aproximadamente 12 milhões, havendo perto de 1,8 milhão vivendo no que hoje se entende por território de Israel. Desta população total, apenas 46% dos palestinos vivem na Palestina histórica, isto é, Israel, que detém 78% do que um dia foi a Palestina, e Cisjordânia de Gaza, que representam os restantes 22%. O restante vive ou em países limítrofes (ao redor de 42% na Jordânia, Síria e Líbano) ou em outros países árabes, europeus de americanos (12%).

Hoje, em virtude dos contínuos confiscos de terras aos palestinos e as construções ilegais de colônias judaicas, postos militares e de controle, bem como estradas exclusivas para judeus, restam apenas ao redor de 9% da Palestina histórica em poder de palestinos. A limpeza étnica prossegue sem que Israel seja condenada categoricamente, impunidade somente possível graças ao apoio de muitos países ocidentais e ao veto, por parte dos EUA, de todas as resoluções condenatórias apoiadas pela totalidade dos países com assento na ONU.



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Dia da Terra Palestina - Chile

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